A CPI do Transporte Público da Câmara Municipal de Campo Grande ouviu, nesta segunda-feira (12), dois servidores da Agetran como parte das investigações sobre a qualidade e a gestão do serviço de transporte coletivo urbano na Capital.
Nesta fase de oitivas iniciais da CPI, prestaram depoimento o ex-fiscal de transporte e trânsito Luiz Carlos Alencar Filho e o diretor de Transporte e Mobilidade Urbana da Agetran, Henrique de Matos Moraes. As oitivas, realizadas no plenarinho Edroim Reverdito, tiveram como foco esclarecer aspectos da fiscalização e da auditoria interna do sistema de transporte coletivo.
Luiz Carlos Alencar Filho, servidor aposentado da Agetran, respondeu a questionamentos a respeito das ordens de serviço que a Agência emitia para que o Consórcio Guaicurus elaborasse a escala de itinerários que circulam na Capital. Em seu depoimento, Alencar também pontuou que, ao longo dos anos, “a quantidade de usuários do transporte coletivo vem diminuindo, a frota está envelhecendo e a manutenção se torna mais cara”. Segundo ele, até o ano de 2019, o Consórcio Guaicurus conseguia manter a idade média da frota em cinco anos, mas esse controle se perdeu após a pandemia.
Já o segundo depoente, Henrique de Matos Moraes, apresentou um balanço das autuações que a Agetran já aplicou contra o Consórcio Guaicurus. Segundo o diretor de Transporte e Mobilidade Urbana, em 2025 já foram lavrados 1.726 autos de infração, sendo 593 por atrasos de viagem, 178 por omissão no horário de chegada, 164 por omissão no horário de saída, 144 por omissão de viagem e 110 por falhas na frota de veículos reserva.
O presidente da CPI, vereador Dr. Lívio, afirmou que “há problemas de fiscalização, de manutenção, de qualidade dos veículos, e quem sofre com a precariedade desse serviço é a população”. Já a relatora, vereadora Ana Portela, destacou a importância de garantir que as investigações não se restrinjam apenas ao Consórcio Guaicurus. “Após as oitivas de servidores da Agetran e da Agereg fica claro que temos de investigar também a fiscalização do contrato de concessão”.
Na abertura dos trabalhos de hoje, foi apresentado um novo balanço das denúncias recebidas pela CPI. Até o momento, foram registradas 485 queixas. “As denúncias evidenciam um sistema de transporte público em crise, com falhas estruturais e operacionais que impactam diretamente a qualidade de vida dos usuários. Ações imediatas são necessárias para resolver os problemas mais graves e restaurar a confiança da população”, afirmou o vereador Dr. Lívio.
A próxima oitiva acontece na quarta-feira (14), às 14h, quando será ouvido, no plenarinho Edroim Reverdito, o diretor-presidente da Agetran, Paulo da Silva.