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sexta-feira, 19 de abril, 2024
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Egressa da UEMS desenvolve cosméticos artesanais veganos com novo conceito de beleza

Perfumes, óleos corporais, xampus, condicionadores e desodorantes: tudo natural, vegano e artesenal. Com foco no respeito a natureza e as mulheres, a egressa do mestrado em Recursos Naturais, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Ana Leticia Sartori Xavier, criou a marca Poty (que significa flor em Tupi Guarani), que com projeto “Economia da Natureza, um novo conceito de Beleza” foi aprovado para investimento pelo Programa Centelha MS.

A marca já existia como um hobby de Ana Letícia, que construiu um ateliê laboratório em sua  casa, onde fazia estudos com plantas e sabonetes naturais. A princípio eram só os sabonetes, depois foi se aprofundando nos óleos essenciais, nos métodos de extração  e desenvolvendo  perfumes que são a sua grande paixão.

A ideia do Centelha nasceu da posição de Ana Letícia como consumidora dos insumos, dos óleos essenciais e das bases para esses cosméticos. “Eu via que tinha que pedir de fora, então eu tive a sacada de produzir. Pensando na potência do Estado, com o agronegócio e a potência no campo, eu trouxe a proposta de criar uma cadeia produtiva de insumos para cosméticos, mais específico aos óleos essenciais, hidrolatos, óleos vegetais com fixação de carbono. E além de querermos criar e fortalecer uma cadeia produtiva limpa nós também queremos plantar árvores consorciadas”, explicou.

Egressa da UEMS desenvolve cosméticos artesanais veganos com novo conceito de belezaPerfumaria natural

Ela ressalta que a economia da natureza quer trazer novamente a tecnologia, chamada de agrofloresta, que é a produção agrofloresta aromática, produção de aromáticas consorciadas a árvore – uma cadeia com fixação de carbono.

“Este novo conceito de beleza, quer trazer esse olhar da estética do campo também. E mostrar que corpos femininos, os corpos estão ligados a um grande corpo gaia, que é a natureza. Queremos estar presentes no começo, meio e fim: a gente quer criar, construir e fortalecer uma cadeia produtiva limpa com fixação de carbono, produzir produtos limpos, produtos conscientes e também ajudar a criar e fortalecer uma rede de consumidores conscientes”, destacou.

O projeto também pretende fazer um trabalho de afirmação dos conceitos femininos de respeito, de cuidado, de cooperação a natureza e às mulheres. Conectando mulheres do campo, mulheres artesãs, mulheres empreendedoras (que seriam as revendedoras) e mulheres consumidoras conscientes (que são aquelas que vão comprar os nossos produtos).  

“A marca quer sim trazer um recado: de respeito a natureza e respeito as mulheres. Infelizmente a gente ainda vive em uma sociedade muito machista, numa sociedade em que a ignorância ambiental ainda reina. Então não são apenas produtos, é uma marca que vem pra trazer um novo olhar, para trazer um novo conceito”, afirma.

Egressa da UEMS desenvolve cosméticos artesanais veganos com novo conceito de belezaSabonetes

Além disso o projeto também tem o eixo da educação ambiental, que por meio do marketing digital será levado os conhecimentos, tentando educar os consumidores.

Ana Letícia diz que além de produzir os insumos com a agrofloresta, o projeto dela quer preservar a floresta e homenagear os povos indígenas, pois são, principalmente, nas aldeias, que são preservadas as florestas.

“É uma tentativa de honrar esse povo, uma homanagem a esses povos que mantém a floresta em pé. E temos como plano de ação fazer um trabalho bem integrado com a aldeia, mas a gente ainda está bem no começo, precisamos de mais investimento”, contou.

O recurso do Centelha possibilitará que sejam produzidos os insumos, pois os óleos essenciais, bases, óleos vegetais e ervas in natura são compradas atualmente. O planejamento é que seja preparada a terra para a produção dos insumos, enquanto os produtos da marca já vão sendo inseridos no mercado.

Egressa da UEMS desenvolve cosméticos artesanais veganos com novo conceito de beleza

Xampu sólido

Poty

Poty é um nome de origem indígena Tupi-Guarani, que significa flor. Esse nome veio da inspiração do canto indígena Guarani Kaiowá YVY POTYRA.

YVY POTYRA 

A TERRA QUE SE ABRE COMO FLOR

Vamos nessa vamos partir desta terra

Vamos nos mandar

Para que os filhos desta terra

Terra de sofrimentos

Os poucos Mbyá que sobrem sobre ela

Fiquem numa boa.

Eles dirão:

Ficamos numa boa.

Estamos numa boa.

A terra se abre como flor.

Todos podem ver

Nossa pequena família numa boa.

Alimentos brotam por encantamento para nossas bocas.

Queremos

Encher a terra de vida

Nós os poucos (Mbyá) que sobramos

Nossos netos todos

Os abandonados todos

Queremos que todos vejam

Como a terra se abre como flor.

[De Kosmofonia Mbyá Guarani ?Transcripción de la grabación + tradução ao português selvagem de Douglas Diegues en colaboración con Ramón Barboza y Kerechu Pará.]

Sobre o Centelha MS

O projeto Centelha MS é da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect) órgão vinculado à Semagro, em parceria com a Finep e Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. O objetivo é selecionar ideias inovadoras de startups e empresas iniciantes no Estado. Participaram da seleção, novos empreendedores de 34 municípios de Mato Grosso do Sul, tendo 564 propostas cadastradas para avaliação.

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