Pesquisa aponta redução no endividamento, mas inadimplência ainda preocupa especialistas
Uma pesquisa conduzida a pedido da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada na última quinta-feira (6), apontou uma melhora no número de famílias endividadas no Brasil. O percentual de lares com algum tipo de dívida caiu para 76,1% em janeiro, uma redução de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro e de dois pontos percentuais na comparação com o mesmo período de 2024.
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A melhora dos índices reflete esforços individuais como o da professora Danieli Silveira, que conseguiu sair do endividamento ao reduzir gastos, evitar compras parceladas e priorizar pagamentos à vista. “É assim que estou me policiando e conscientizando que o consumo saudável é a melhor saída”, afirmou a docente. Danieli, que enfrentou um período de desemprego, caiu na armadilha do cheque especial e do uso excessivo do cartão de crédito. “Um cartão pra pagar outro”, resumiu. Hoje, ela tem suas finanças sob controle e não quer repetir a experiência.
Por outro lado, há famílias que ainda enfrentam dificuldades para quitar suas dívidas. É o caso do técnico em logística Cesar (nome fictício), cuja esposa precisou se afastar do trabalho como enfermeira devido a um tratamento contra o câncer desde o final de 2023. Com a perda do adicional noturno e o acúmulo de dívidas no cartão de crédito, ele recorreu ao Procon paulista para negociar os juros. “Vou ser sincero, estou mais preocupado com a saúde mental da minha esposa e da família em geral”, revelou. Ele espera reorganizar as finanças após a renegociação.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) também indicou que 29,1% das famílias têm dívidas em atraso e 12,7% não conseguirão pagá-las. Apesar da leve melhora em relação a dezembro, quando esses percentuais eram de 29,3% e 13%, respectivamente, o índice ainda preocupa especialistas. Foi o primeiro recuo na inadimplência desde julho de 2024.
Os cartões de crédito seguem como os principais vilões do endividamento, sendo utilizados por 83,9% dos devedores. Além disso, a pesquisa apontou que as famílias mais vulneráveis, com renda de até três salários mínimos, foram as únicas a registrar aumento no endividamento, chegando a 79,2%, com 18,4% sem condições de quitar suas dívidas.
Apesar da melhora nos índices, a CNC projeta que o endividamento volte a crescer ao longo de 2025, com previsão de alta a partir de março e fechamento do ano com 77,5% das famílias endividadas e 29,8% inadimplentes.