Um esquema de emissão de documentos de veículos irregulares foi descoberto pela polícia dentro da agência do Departamento de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) da cidade de Juti. Nesta terça-feira (08), a DRACCO (Delegacia de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) deflagrou uma operação para prender os envolvidos e encontrar provas para a prática do crime, que movimentou R$ 17 milhões em dois anos de funcionamento.
Batizada de ‘Operação Resfriamento’, a ação prendeu dois investigados temporariamente, sendo estes o ex-gerente da unidade de Juti do Detran-MS e um despachante de Dourados. Também foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão, tendo sido arrecadados, além de documentos, elementos de prova, quatro automóveis (modelos Corolla, Santa Fé, Nivus e Amarok), duas motos (CBR 500 e BROS 160), R$ 153.232,40 em espécie e mais R$ 307.795,00 em cheques.
De acordo com a investigação, veículos irregulares, até mesmo de outros estados, seriam regularizados mediante inserção de informações falsas e pagamento de propina a servidores sem nunca ter passado por vistorias de segurança ou mesmo ingressado no estado.
Foram regularizadas duas carretas com quatro eixos sem a devida apresentação do CSV (certificado de segurança veicular), quando também era terminantemente proibida a circulação de veículos de quatro eixos.
Além das irregularidades da composição do veículo e da ausência da apresentação de documentos de segurança obrigatório, foi verificado ainda que os proprietários dos veículos residem fora de MS e que foi utilizado endereço falso para a efetivação da fraude.
Mesmo com um endereço evidentemente fraudulento, da cidade de Dourados e as inúmeras outras irregularidades, a agência de trânsito permitiu a emissão dos documentos dos veículos. O inquérito aponta que o processo foi feito na agência de Juti sendo intermediado por um despachante de Dourados.
Outras diligências de inteligência revelaram verdadeira organização criminosa voltada para o “esquentamento” de veículos na agência do Detran de Juti. São apurados inúmeros outros veículos que teriam sido regularizados indevidamente na agência, com circulação de dinheiro entre o gerente da agência e pessoas a ele relacionadas.
A investigação pontua que o ex-gerente era o chefe do esquema, tendo sido o responsável pela liberação irregulares dos veículos. Na operação, além dos dois principais alvos, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de pessoas que podem ter alguma participação no esquema. O caso segue em investigação.
Em nota, o Detran-MS disse uue está acompanhando a investigação. “A respeito da Operação Resfriamento da Polícia Civil realizada hoje nas cidades de Juti e Dourados, o Detran-MS informa que a investigação inicial é da própria Corregedoria de Trânsito e está sendo conduzida em parceria com o Dracco, da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Informa ainda que todos os mandados de busca e apreensão estão sendo acompanhados por agentes da corregedoria e demais informações serão repassadas pelo Dracco”, diz o comunicado à imprensa.