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sábado, 12 de julho, 2025
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Estudo projeta desaparecimento de praias como Copacabana e Ipanema até o fim do século

Um estudo inédito da Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro) alerta: as praias de Copacabana e Ipanema podem desaparecer até 2100. O motivo é a elevação do nível do mar, que não encontrará espaço para o recuo natural da areia por causa da intensa urbanização da orla carioca.

Publicado na revista Natural Hazards, o trabalho utilizou o sistema ROMS (Regional Ocean Modeling System), aliado a um modelo digital de elevação, para simular o avanço do mar no litoral do Rio de Janeiro. A previsão mais grave aponta para uma elevação de até 69 centímetros no nível do mar até o fim do século.

Segundo a pesquisadora Raquel Toste, do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce), responsável pela pesquisa, Copacabana, Ipanema, Leme, Leblon, Botafogo e Flamengo estão entre as áreas mais afetadas. “Essas praias não poderão recuar devido à urbanização consolidada. Isso implica na perda progressiva da faixa de areia e aumento do risco de alagamentos”, destaca Toste.

Impactos vão além das praias

O levantamento também projeta aumento da área das lagoas Rodrigo de Freitas e Piratininga, bem como a possível extinção dos manguezais da Baía de Guanabara, ecossistemas cruciais para o equilíbrio ambiental da região metropolitana do Rio.

Mesmo em cenários com algum controle sobre o aquecimento global, os impactos sobre o litoral fluminense são considerados inevitáveis sem políticas locais de adaptação. A modelagem regional do estudo permite uma leitura precisa de dinâmicas como marés, correntes oceânicas e comportamento do nível do mar ao longo do tempo — aspectos que modelos globais não conseguem detalhar com exatidão.

Subsídios para políticas públicas

Com dados sobre frequência, profundidade e duração dos alagamentos, o estudo oferece subsídios técnicos importantes para ações do poder público. Entre as recomendações estão obras de contenção, redefinição de zonas de risco e medidas para proteção de ecossistemas costeiros.

“Ao focar na elevação do nível do mar e no fortalecimento das correntes oceânicas, conseguimos insights fundamentais para o planejamento urbano e o controle de inundações futuras em áreas vulneráveis”, conclui o relatório.

A pesquisa reforça a urgência de um debate público sobre as mudanças climáticas e seus efeitos diretos nas cidades litorâneas brasileiras, especialmente em grandes centros como o Rio de Janeiro, onde o mar pode engolir parte da paisagem mais icônica do país.

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