Três mortos e nova crise diplomática; Caracas acusa Washington de violar soberania e pede investigação à ONU
Os Estados Unidos realizaram neste domingo (19) mais um ataque a uma embarcação próxima à costa da Venezuela, informou o secretário de Guerra americano, Pete Hegseth. Três pessoas morreram no bombardeio, que integra a ofensiva marítima iniciada pelo governo de Donald Trump contra o tráfico de drogas no Caribe. Este é o quinto ataque anunciado pelos EUA desde o início da operação.
Segundo Hegseth, o barco atingido transportava “quantidades substanciais de narcóticos” e pertencia ao Exército de Libertação Nacional (ELN), grupo armado colombiano classificado pelos EUA como organização terrorista. “Esses cartéis são a Al-Qaeda do Hemisfério Ocidental. Eles serão caçados e mortos como os terroristas que são”, declarou.
O governo venezuelano reagiu às ações americanas, acusando os EUA de violar sua soberania e tentar criar um pretexto para invasão. A Procuradoria da Venezuela pediu à ONU que investigue os ataques, classificando-os como “crimes contra a humanidade”, e alegou que as vítimas seriam pescadores, e não traficantes.
A tensão se intensificou após Trump autorizar operações secretas da CIA em território venezuelano. Em resposta, o presidente Nicolás Maduro criticou as ações dos EUA e pediu “paz, não guerra”, lembrando de intervenções fracassadas em países como Afeganistão e Iraque.
Na véspera, Trump publicou um vídeo mostrando a destruição de um submarino que, segundo ele, transportava fentanil e outras drogas em direção aos EUA. O presidente afirmou que dois “narcoterroristas” foram mortos e dois presos, ressaltando que “nenhum militar americano ficou ferido na operação”. “Os Estados Unidos não tolerarão narcoterroristas traficando drogas ilegais por terra ou mar”, escreveu Trump na rede Truth Social.
Desde setembro, as forças americanas já destruíram cinco embarcações no Caribe, resultando em pelo menos 17 mortes, de acordo com dados divulgados pelo governo dos EUA. As operações são justificadas como parte de um “conflito armado contra os cartéis de drogas”.
Críticos, entretanto, afirmam que os ataques não têm autorização do Congresso americano nem respaldo internacional. A Venezuela sustenta que os bombardeios têm motivação política, buscando desestabilizar o regime de Maduro e controlar o petróleo do país.
O embaixador venezuelano na ONU, Samuel Moncada, declarou que entre as 27 vítimas de ataques recentes há cidadãos da Colômbia e de Trinidad e Tobago, incluindo pescadores. O episódio amplia a crise diplomática entre Caracas e Washington e reacende temores de uma possível escalada militar na região.