18.8 C
Campo Grande
sexta-feira, 6 de junho, 2025
spot_img

Exposição homenageia Lídia Baís pelos seus 125 anos de nascimento

Na próxima segunda-feira (12), às 19h, o Museu da Imagem e do Som (MIS), em Campo Grande, abrirá as portas para a exposição “As várias faces de Lídia Baís”, em celebração aos 125 anos de nascimento da artista. A mostra integra a programação da Semana Nacional de Museus, evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que ocorre de 12 a 18 de maio. A data marca as comemorações do Dia Internacional dos Museus, celebrado em 18 de maio.

A exposição, que reúne obras emblemáticas de Lídia Baís, é curada pelo Museu de Arte Contemporânea (MARCO) e visa destacar a trajetória e a relevância de Lídia para a cultura de Mato Grosso do Sul. Lídia é considerada uma das personalidades femininas mais importantes das artes visuais do estado, e sua história é marcada por uma produção artística que desafiou as limitações culturais de sua época.

A Arte e a Trajetória de Lídia Baís

Lídia Baís nasceu em 1900 em Campo Grande, ainda quando a cidade era um vilarejo. De origem italiana, sua arte foi marcada por uma busca constante por uma estética singular, refletindo influências de movimentos como a Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, e do surrealismo, após seu contato com Ismael Nery na Europa, em 1927. Suas obras começaram com uma estética acadêmica, mas logo evoluíram para expressões mais pessoais e ousadas.

Retornando ao Brasil, Lídia enfrentou pressões familiares e um ambiente cultural adverso em Campo Grande. As mulheres da época eram esperadas a se limitar aos afazeres domésticos, mas a artista continuou a criar, ainda que de maneira introspectiva, pintando alegorias nas paredes do sobrado da família. Seu universo íntimo, expresso em diários, desenhos e pinturas, revela a luta constante por liberdade artística e espiritual.

Apesar das dificuldades, Lídia nunca perdeu a esperança de ver sua arte reconhecida. Na década de 1950, idealizou a criação de um museu de arte em Campo Grande, algo ousado para a época, quando a cidade ainda não tinha energia elétrica. Embora não tenha realizado esse sonho, a artista sempre acreditou no poder transformador da arte.

Lídia faleceu em 1985, vítima de esclerose múltipla, em uma casa repleta de animais e obras de arte encaixotadas. Seu legado foi preservado por sua sobrinha Nelly Martins, que organizou exposições de suas obras enquanto Lídia ainda estava viva e, após sua morte, doou o acervo à Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.

Homenagem e Reconhecimento

A exposição “As várias faces de Lídia Baís” oferece ao público a oportunidade de se conectar com a arte de uma mulher que desafiou os limites impostos pela sociedade e pela cultura local. Para o diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Eduardo Mendes, a mostra promove uma experiência sensível e educativa, estimulando o olhar crítico e a reflexão sobre o pertencimento e o reconhecimento de narrativas invisibilizadas na história da arte brasileira.

A coordenadora do MARCO, Vera Bento, reforça a importância de Lídia Baís para a história da arte sul-mato-grossense. “Sua trajetória é marcada por uma ousadia estética, inquietação espiritual e uma profunda consciência de seu tempo. Ela construiu uma obra singular que articula o sagrado, o feminino e a ancestralidade em composições densas e simbólicas. Lídia rompeu os silêncios impostos às mulheres e consolidou uma linguagem própria, com forte valor identitário”, afirma.

A exposição ficará aberta até 30 de junho, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h30, no Museu da Imagem e do Som (MIS), localizado no 3º andar do Memorial da Cultura e da Cidadania, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, no Centro de Campo Grande.

Fale com a Redação