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sexta-feira, 4 de julho, 2025
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Fim da isenção de IR em LCI e LCA preocupa mercado e setores do agro e imobiliário

O mercado financeiro brasileiro está em alerta diante da possibilidade do fim da isenção do Imposto de Renda (IR) sobre aplicações em Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). A medida, em discussão no governo, preocupa especialmente os setores agrícola e imobiliário, que podem enfrentar aumento significativo no custo do crédito.

Nos últimos anos, o mercado de LCI e LCA registrou forte crescimento, impulsionado pela alta da taxa básica de juros (Selic). As emissões desses papéis vêm subindo a ritmos expressivos, com rentabilidade de até 14% a 15%, atraindo investidores em busca de segurança e retorno elevado. Hoje, o volume de recursos aplicados nesses títulos já se aproxima de R$ 1 trilhão — o equivalente a cerca de 20% de toda a renda fixa negociada no mercado de capitais do país.

Grande parte dessa atratividade se deve à isenção fiscal vigente, que tem funcionado como um diferencial competitivo. Com a possível taxação, os rendimentos líquidos caem, e o apelo dessas aplicações tende a diminuir.

Risco de retração no crédito

A mudança no regime tributário pode desencadear uma redução no fluxo de capital destinado ao financiamento dos setores imobiliário e do agronegócio. Esses segmentos dependem diretamente dos recursos captados por meio das LCIs e LCAs para oferecer crédito mais acessível a produtores rurais, construtoras e consumidores finais.

“Uma mudança dessa magnitude pode não apenas desestimular o investidor, mas também encarecer o financiamento em setores estratégicos da economia”, avaliam analistas do mercado.

Mesmo após restrições impostas em 2023, quando o governo limitou o lastro para novas emissões, o mercado mostrou resiliência e retomou o ritmo de crescimento. A proposta de taxação, no entanto, lança dúvidas sobre a sustentabilidade desse avanço.

Investidores reavaliam estratégia

Com a expectativa de rendimentos de até 15% no início de 2025, as LCIs e LCAs se consolidaram como instrumentos de renda fixa altamente procurados. A perspectiva de tributação obrigará investidores a reavaliar estratégias, podendo migrar para outros produtos, como CDBs, fundos DI ou até mesmo ativos mais arriscados.

O impacto seria sentido não apenas no comportamento do investidor, mas também na oferta de crédito. Com menos recursos disponíveis via mercado de capitais, os bancos podem precisar buscar alternativas mais caras de captação, repassando o custo aos tomadores finais.

Incertezas fiscais no radar

Para especialistas, a proposta de fim da isenção fiscal reflete a busca do governo por novas fontes de arrecadação, em um contexto de forte pressão por equilíbrio fiscal. Entretanto, a medida é vista com preocupação por parte do mercado e de representantes dos setores afetados.

A expectativa agora é de que o governo sinalize com mais clareza o cronograma e os termos dessa eventual mudança, o que pode influenciar diretamente decisões de investimento e financiamento nos próximos meses.

Com a Selic elevada e o crédito já pressionado em linhas como o Plano Safra, uma eventual perda de atratividade das LCIs e LCAs pode ser mais um desafio para o crescimento da economia brasileira em 2025.

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