Polícia Militar Ambiental lembra que animal silvestre não é pet e esclarece quando deve ser capturado
Era por volta das 6h da manhã quando a rotina em um salão de beleza no centro de Campo Grande foi interrompida por um visitante inesperado: um gambá, encontrado preso dentro de um balde de lixo na área de serviço. A funcionária responsável pela limpeza se assustou e chegou a passar mal com a presença do animal, que parecia estar apenas descansando, mas não conseguia sair do local.
Sem saber como agir, os funcionários acionaram primeiro o Corpo de Bombeiros, que os orientou a procurar a Polícia Militar Ambiental (PMA). Uma equipe da PMA compareceu ao salão para fazer a captura segura do gambá, que não apresentava ferimentos, mas estava impedido de sair por conta própria, gerando apreensão em um ambiente movimentado.
Animais silvestres em áreas urbanas
A ocorrência, apesar de incomum, é mais frequente do que se imagina. A PMA ressalta que muitos animais silvestres, como gambás, capivaras, quatis e aves, convivem diariamente com as populações urbanas, especialmente em cidades próximas a reservas, rios e áreas verdes.
O sargento Wagner da Silva Azevedo, que coordenou a ação, orienta a população a não tentar capturar ou alimentar esses animais, pois eles são protegidos por lei e não devem ser tratados como animais domésticos. “Eles têm hábitos específicos, como o gambá que é noturno e procura alimento à noite. São animais que, se se sentirem ameaçados, podem morder por instinto de defesa, mas não são agressivos”, explica.
Quando a PMA atua
A PMA destaca que nem sempre a captura é necessária. Muitas vezes, o melhor é deixar que o animal siga seu caminho, sem interferência humana, principalmente quando não há risco para o animal ou para as pessoas. A ação de recolhimento ocorre principalmente quando o animal está machucado, preso ou representa perigo.
Entre janeiro e junho de 2025, a PMA atendeu 1.513 ocorrências envolvendo fauna silvestre na Bacia do Paraguai. Em Campo Grande, foram registradas 559 ocorrências, com destaque para aves (59%), mamíferos (24%) e répteis (17%). Cerca de 20% dos casos não demandaram captura.
Casos inusitados
Além do gambá no salão de beleza, outras situações inusitadas foram registradas recentemente. Em abril, uma filhote de sucuri de 50 cm foi encontrada abrigada no filtro de ar de um carro, após “pegar carona” na área rural. Também foram capturadas com segurança uma cascavel dentro de uma loja de utilidades e uma jiboia de dois metros escondida em um quintal residencial.
Cuidados e prevenção
A PMA reforça que animais silvestres não devem ser tratados como pets e que alimentar esses animais é crime ambiental. A população deve evitar deixar comida exposta que possa atraí-los e tomar cuidado com a convivência entre pets domésticos e animais selvagens para evitar confrontos.
Em casos de animais feridos, a PMA encaminha para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS). Animais encontrados mortos devem ser comunicados à empresa responsável pela coleta, como a Solurb em Campo Grande.
Para situações que envolvam acesso difícil, como telhados ou forros, os proprietários devem providenciar profissionais especializados, pois a PMA não realiza destelhamento ou abertura de forros para captura.