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quarta-feira, 16 de julho, 2025
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Há 79 anos, explosão da primeira bomba atômica inaugurava a era nuclear

Na madrugada de 16 de julho de 1945, o mundo entrou oficialmente na era atômica. Às 5h29, no deserto Jornada del Muerto, no Novo México (EUA), a primeira bomba nuclear da história — apelidada de “Gadget” — foi detonada durante o chamado Teste Trinity, marco do ambicioso e secreto Projeto Manhattan. A explosão mudou para sempre o curso da humanidade.

Com uma energia equivalente a 21 mil toneladas de TNT, a detonação criou uma bola de fogo com 600 metros de diâmetro e uma nuvem em forma de cogumelo que alcançou 12 quilômetros de altura. A onda de choque derrubou observadores a 32 quilômetros de distância, e o clarão foi visto a 450 quilômetros dali. A explosão deixou uma cratera de 80 metros de largura e transformou a areia em um vidro verde radioativo, batizado de trinitita.

O projeto por trás da bomba

O Teste Trinity foi o auge do Projeto Manhattan — um esforço conjunto entre ciência e forças armadas dos EUA que mobilizou cerca de 130 mil pessoas e consumiu US$ 2 bilhões (o equivalente a quase R$ 200 bilhões hoje). A iniciativa começou após o alerta de cientistas como Albert Einstein e Leo Szilard sobre a possibilidade de a Alemanha nazista desenvolver armas nucleares.

Sob a liderança do físico Robert Oppenheimer e do general Leslie Groves, o projeto reuniu alguns dos maiores nomes da ciência em Los Alamos. A bomba testada era de plutônio e usava um complexo método de implosão: explosivos convencionais comprimiam o núcleo radioativo, iniciando uma reação em cadeia.

Expectativa e temor

Antes da explosão, havia incertezas quanto ao sucesso do teste. Alguns cientistas temiam até a possibilidade — remota — de que a bomba pudesse incendiar a atmosfera. Os preparativos foram tensos, com previsões de tempestades e falhas técnicas resolvidas com soluções improvisadas, como fita adesiva e colchões sob a torre de lançamento.

O presidente dos EUA à época, Harry Truman, aguardava o resultado do teste em Potsdam, na Alemanha, onde negociava com os Aliados.

Reação e legado

A experiência foi descrita por testemunhas como um evento avassalador. “De repente, houve um enorme lampejo de luz. A luz mais brilhante que já vi. Ela explodia; cavava um buraco dentro da gente”, relatou o físico Isidor Isaac Rabi. Oppenheimer, por sua vez, citou o texto sagrado hindu Bhagavad Gita: “Agora me tornei a Morte, a destruidora de mundos.”

O sucesso do Trinity abriu caminho para os bombardeios atômicos de Hiroshima (6 de agosto de 1945) e Nagasaki (9 de agosto), que selaram a rendição do Japão e o fim da Segunda Guerra Mundial — ao custo de centenas de milhares de vidas civis e militares.

O local hoje

Atualmente, o local da explosão integra o Campo de Mísseis de White Sands e é aberto ao público apenas duas vezes por ano. Um obelisco marca o “Marco Zero”, e ainda há vestígios da trinitita na região. A casa onde o núcleo da bomba foi montado e partes do antigo acampamento também foram preservadas como testemunho histórico.

O mundo não seria mais o mesmo

A detonação da bomba “Gadget” inaugurou uma nova era de poder e de perigo. O mundo passou a viver sob a sombra da destruição nuclear, com consequências geopolíticas, éticas e ambientais que ainda reverberam 79 anos depois.

Como disse Oppenheimer após o teste: “Sabíamos que o mundo não seria o mesmo. Algumas pessoas riram, outras choraram. A maioria ficou em silêncio.”

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