Uma jaguatirica morta foi encontrada na manhã dessa terça-feria (13) na Rua Sagarana, no bairro Zé Pereira, em Campo Grande. A carcaça foi recolhida pela Gerência Operacional de Fiscalização do Meio Ambiente da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e levada ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) para exames.
A princípio, segundo as informações, foi identificada como causa da morte politraumatismo, possivelmente provocado por um atropelamento. No local onde a carcaça estava não foram encontrados vestígios de automóveis.
O corpo do animal foi encontrado por uma moradora no momento em que realizava uma caminhada matinal nas proximidades da mata ciliar do Córrego Imbirussu. A área concentra diversas espécies, mas até então não havia relatos de jaguatirica.
O CRAS informou que o animal passará por taxidermia e será usado em ações de educação ambiental da Polícia Militar Ambiental e do próprio Centro de Reabilitação. Muitos moradores da região comentaram preocupação com a presença do animal.
Entenda a diferença entre onça-pintada e jaguatirica
Nos últimos dias, em Mato Grosso do Sul, a mídia acompanhou o desfecho da morte um caseiro de 60 anos devorado por uma onça-pintada na região do Touro Morto, no pantanal de Aquidauana. O laudo final do caso confirmou que o animal silvestre atacou a vítima e comeu partes do seu corpo.
Por conta dessa situação, o avistamento de uma jaguatirica na zona urbana de Campo Grande deixou muitos moradores preocupados e até com medo. Para as autoridades ambientais, não há motivos para alarde, já que os casos são considerados raros, mas é importante acionar os órgãos competentes quando ver um animal silvestre.
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A onça-pintada e a jaguatirica são duas espécies muitas vezes confundidas pela semelhança na pelagem manchada. No entanto, elas possuem características distintas, tanto em aparência quanto em comportamento e habitat. A diferença mais evidente está no tamanho.
- Onça-pintada (Panthera onca): é o maior felino das Américas e o terceiro maior do mundo, perdendo apenas para o tigre e o leão. Pode medir até 2,4 metros de comprimento (incluindo a cauda) e pesar entre 80 e 130 kg, com casos raros de machos superando os 150 kg.
- Jaguatirica (Leopardus pardalis): é muito menor, com comprimento médio entre 90 cm e 1,5 metro (com a cauda) e peso entre 8 e 18 kg. Seu porte é semelhante ao de um cão de médio porte.
Pelagem e padrões de manchas
Embora ambas tenham pelagem com manchas, os padrões são distintos:
- Onça-pintada: possui manchas maiores, em formato de rosáceas, com pequenos pontos no centro, o que confere uma aparência mais robusta e densa. A cor de fundo vária do amarelo-alaranjado ao dourado.
- Jaguatirica: tem pelagem mais clara e as manchas são alongadas e irregulares, com aparência de listras e rosetas menores. A textura do pelo também é mais fina e macia.
Comportamento e hábitos
- Onça-pintada: é solitária, silenciosa e excelente nadadora. Prefere ambientes próximos a rios, como as florestas úmidas da Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica. Caça presas grandes, como capivaras, antas, jacarés e veados. Possui a mordida mais forte entre os felinos, capaz de perfurar até cascos e crânios.
- Jaguatirica: também é solitária e ativa principalmente à noite. É muito ágil em árvores e tem grande habilidade para escalar e saltar. Alimenta-se de animais menores, como roedores, aves, répteis e até insetos. Está presente em vários biomas, incluindo o Cerrado, Mata Atlântica, Amazônia e Caatinga.
Distribuição geográfica
- Onça-pintada: já foi encontrada desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina. No Brasil, ainda é vista na Amazônia, Pantanal e áreas remotas da Mata Atlântica, embora sua população tenha diminuído drasticamente em várias regiões devido à perda de habitat e à caça.
- Jaguatirica: tem distribuição mais ampla e adaptável. É o felino mais comum nas florestas tropicais das Américas. No Brasil, está presente em praticamente todos os biomas, com maior adaptabilidade a ambientes modificados.
Status de conservação
- Onça-pintada: classificada como “quase ameaçada” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), e como “vulnerável” no Brasil. É alvo de programas de conservação e reintrodução, como o projeto “Onçafari”.
- Jaguatirica: também sofre pressão por perda de habitat e atropelamentos, mas seu status é menos crítico, sendo considerada “pouco preocupante” pela UICN. No entanto, em certas regiões, a caça ilegal ainda representa um problema.
Sim, tanto a onça-pintada quanto a jaguatirica podem atacar humanos, mas esses casos são extremamente raros e geralmente ocorrem em situações muito específicas.
Onça-pintada pode atacar, mas só em casos excepcionais
A onça-pintada é um animal de grande porte, com força suficiente para abater presas grandes e, teoricamente, representa um risco real se se sentir ameaçada. No entanto:
- Ataques a humanos são muito raros, mesmo em áreas onde o felino ainda é comum, como o Pantanal.
- A maioria dos encontros termina com a onça fugindo.
- Ataques podem ocorrer em situações como:
- Defesa de filhotes;
- Animal encurralado ou ferido;
- Habituado à presença humana (como em cativeiros ou regiões com alimentação artificial);
- Conflito com pecuaristas, quando a onça é perseguida.
Jaguatirica é muito improvável que ataque humanos
A jaguatirica é um felino de porte médio, muito mais tímido e não representa perigo para adultos saudáveis.
- Vive escondida e evita qualquer tipo de confronto.
- Seus ataques são geralmente direcionados a animais pequenos.
- Raríssimos casos de arranhões ou mordidas ocorrem com pessoas que tentam capturar ou manter o animal em cativeiro de forma ilegal.
Importante lembrar:
- Nenhum dos dois felinos vê o ser humano como presa natural.
- Eles atacam apenas em autodefesa ou por instinto de proteção.
- O maior risco vem de interações irresponsáveis, como manter esses animais em ambientes domésticos, tentar tocá-los ou alimentá-los diretamente.
O que fazer em caso de encontro na natureza?
Se você estiver em trilha ou região de mata e encontrar uma onça-pintada ou uma jaguatirica:
- Não corra – movimentos bruscos podem ativar o instinto de caça.
- Fique parado ou recue devagar, mantendo o contato visual.
- Erga os braços ou a mochila acima da cabeça para parecer maior.
- Faça barulho firme, sem gritar, se o animal se aproximar.
- Em caso extremo, grite e bata palmas, mas isso raramente será necessário.