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terça-feira, 27 de maio, 2025
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Lançamento do livro “Os Olhos de Capitu” provoca reflexões sobre a cultura, a violência contra a mulher e o poder transformador da literatura

O lançamento do livro Os Olhos de Capitu reuniu leitores, estudantes e profissionais da cultura em um evento marcado por reflexões profundas sobre o papel da literatura e a violência contra as mulheres. O evento aconteceu na Casa de Cultura, onde o autor da obra destacou que o livro nasce a partir de uma perspectiva feminina, mesmo sendo escrito por um homem.

“Eu acho que qualquer texto literário movimenta algo na ordem da cultura. E, para a cultura do Mato Grosso do Sul, especificamente, Os Olhos de Capitu representa uma perspectiva mais feminina que masculina”, explicou o autor Flávio Adriano Nantes. Segundo ele, a maior parte das personagens e narradoras da obra são mulheres, fruto de uma vivência pessoal marcada pela convivência com mulheres da família e a observação das violências que elas sofrem desde a infância.

“Eu não sou mulher, mas cresci cercado por elas. Desde pequeno percebia as violências, os assédios, as injúrias que minhas tias, minhas irmãs e minha mãe vivenciavam. Falar disso é falar da minha história”, contou. O autor ainda reforçou que a obra funciona como um alerta, um convite aos homens para que também se posicionem contra essas violências. “Eu costumo dizer que sou um homem feminista. Nós, homens, podemos ser aliados. Precisamos olhar para isso e contribuir com a mudança.”

Durante o evento, a psicóloga Raísa de Bacarji Jardim compartilhou sua visão sobre o poder transformador da literatura. “Com certeza os livros ainda transformam vidas. Eles convidam para uma experiência única, que desloca a gente para outros lugares, para um outro pensar. Diferente de ver um filme, ler um livro te coloca numa posição ativa: você cria seu próprio ritmo, as pausas, os pensamentos. E é aí que acontece a transformação, nesse tempo, nesse detalhe.”

O estudante de psicologia da UEMS, Gustavo Oliveira Butinski Fontes, participou pela primeira vez de um lançamento na Casa da Cultura e ressaltou a importância de espaços como esse para democratizar o acesso à literatura. “Achei muito bacana, é essencial ter esse tipo de espaço. O livro amplia a visão da gente, nos permite viver experiências que talvez nunca viveríamos na nossa vida. Viver só a própria experiência é muito limitante, e o livro oferece ferramentas para ampliar os caminhos.”

O lançamento de Os Olhos de Capitu reforça a importância da literatura como instrumento de reflexão social e cultural, além de reafirmar o livro como uma poderosa ferramenta de transformação pessoal e coletiva.

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