O primeiro encontro oficial entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ocorrer neste domingo (26), durante a cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), em Kuala Lumpur. Embora o encontro ainda não tenha sido confirmado oficialmente, fontes diplomáticas indicam que tanto Brasil quanto EUA demonstram interesse na reunião.
A diplomacia brasileira reservou espaço na agenda de Lula para o possível “cara a cara”. A imprensa americana já havia antecipado nos últimos dias que há uma “possibilidade real” de o encontro acontecer.
Na pauta, devem estar as sanções impostas por Washington a autoridades brasileiras e o tarifaço de 50% aplicado por Trump sobre produtos brasileiros. Desde julho, o governo americano justifica as medidas alegando “práticas comerciais injustas” e “perseguição política no Brasil” — citações que incluíram o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Equívoco nas taxações”, diz Lula
Na sexta-feira (24), Lula afirmou estar confiante na realização da reunião. “Essa reunião está sendo esperada há algum tempo. Tenho todo interesse em mostrar que houve um equívoco nas taxações. Depois do telefonema do Trump, acho que estamos caminhando para mostrar que não há divergência que não possa ser resolvida quando duas pessoas com boa vontade se sentam à mesa”, disse o presidente a jornalistas.
Segundo Lula, nenhum tema será evitado na conversa. “Não tem assunto proibido. Vamos colocar tudo na mesa — guerra na Ucrânia, divergências sobre a Venezuela, comércio, o que for necessário. O Brasil quer colocar a verdade na mesa e mostrar que não há razão para essa punição”, afirmou.
Horas depois de Trump confirmar a intenção de se reunir com Lula, o presidente brasileiro reafirmou estar disposto a negociar uma solução para as tarifas. “Eu espero que role o encontro. Vim com disposição para que a gente encontre uma saída”, disse, antes de participar de uma cerimônia na Universidade Nacional da Malásia, onde recebeu o título de doutor honoris causa.
Diplomacia busca “selar a paz”
De acordo com o Itamaraty, as equipes presidenciais ajustam os detalhes do encontro, que deve ter um caráter mais simbólico do que técnico. O diálogo sobre o tarifaço está sendo conduzido por diplomatas e equipes econômicas dos dois países, sem expectativa de avanços imediatos.
Fontes do governo brasileiro afirmam que a reunião pode servir para “selar a paz” entre os líderes, após um breve contato durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, que resultou em um telefonema entre eles no início de outubro.
Trump, em declaração a bordo do Air Force One, afirmou que os EUA estão “dispostos a aliviar as tarifas sob as condições certas”, sem especificar quais seriam essas exigências. Lula, por sua vez, garantiu que “não há imposições de nenhuma das partes” e que o encontro deve ser pautado pelo diálogo.
“Vamos colocar tudo na mesa e buscar uma solução”, concluiu.
A expectativa é de que o encontro, caso confirmado, ocorra à margem dos compromissos da cúpula da Asean, marcando um passo importante na tentativa de reconstruir a relação entre Brasília e Washington após meses de tensão comercial.


 
                                    









