
Profissionais exigem pagamento imediato e sindicato prepara nova ação judicial nesta terça-feira
Sem aceitar novos prazos e cobrando o que classificam como um direito básico, médicos contratados pela Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande decidiram recorrer à Justiça após rejeitarem, na noite desta segunda-feira (29), a proposta do hospital para pagamento do 13º salário. A categoria segue sem receber o benefício e agora exige quitação imediata.
A decisão foi tomada em assembleia convocada pelo SinMed/MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul). A proposta apresentada pela Santa Casa previa o pagamento integral do 13º apenas em 10 de janeiro de 2026, o que foi recusado de forma unânime pelos profissionais, que afirmaram não aceitar novos adiamentos.
Com isso, o departamento jurídico do sindicato deve protocolar uma nova ação judicial já nesta terça-feira (30). Entre os pedidos estão o pagamento imediato do benefício, a intervenção para fiscalização das contas da instituição e indenização por danos morais aos médicos.
“Estamos atuando para resgatar a dignidade e o respeito à categoria médica. Não aceitaremos que os médicos sejam tratados de forma diferenciada e lesiva. O sindicato está firme no embate jurídico para que o direito ao salário, que é sagrado, seja cumprido”, afirmou o presidente do SinMed, Marcelo Santana.
Crise financeira se agrava na Santa Casa
A situação dos médicos ocorre em meio a uma crise financeira mais ampla na Santa Casa de Campo Grande. Na última semana, enfermeiros e servidores do setor administrativo chegaram a deflagrar greve em protesto contra o atraso no pagamento do 13º salário. A paralisação foi encerrada após a categoria aceitar proposta de parcelamento feita pelo hospital.
Pelo acordo firmado, 50% do benefício foi pago no dia 24 de dezembro, e o restante ficou programado para 10 de janeiro de 2026. Já os médicos rejeitaram tanto essa proposta quanto a possibilidade de parcelamento em três vezes, entre janeiro e março do próximo ano.
O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS) também se manifestou, alertando para o risco de desassistência na unidade. Em nota, o órgão citou falta de insumos, medicamentos e profissionais, e encaminhou o documento à Secretaria Municipal de Saúde, Vigilância Sanitária, Ministério Público e ao governo do Estado.
Ministério Público defende bloqueio de bens
O Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS) defende que a Justiça do Trabalho autorize a penhora de bens e valores da Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande (ABCG) para garantir o pagamento do 13º salário dos médicos. De forma subsidiária, o órgão também pede que o patrimônio dos integrantes da diretoria seja alcançado.
Segundo o MPT-MS, a Santa Casa é reincidente no descumprimento de obrigações trabalhistas e responde a pelo menos seis ações civis públicas relacionadas a salários, férias, 13º salário e FGTS. O órgão reforçou que os riscos da atividade econômica devem ser assumidos pelo empregador, não podendo ser repassados aos trabalhadores.
Paralelamente, médicos contratados como Pessoa Jurídica (PJ) também discutem atrasos que chegam a seis meses. Em reunião com o sindicato e parlamentares, foi apresentada uma contraproposta prevendo a regularização dos pagamentos entre janeiro e março de 2026. A Santa Casa ainda deve analisar se aceita o acordo.


















