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sexta-feira, 26 de setembro, 2025
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Mesmo com queda nas exportações para os EUA, produtos de MS mantêm ritmo de crescimento no mercado internacional

Entre janeiro e agosto de 2025, Mato Grosso do Sul exportou um total de US$ 7,24 bilhões, o que representa um aumento de 3,26% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados são da Carta de Conjuntura do Comércio Exterior (agosto/2025), elaborada pela Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação). No mesmo período, o superávit da balança comercial atingiu US$ 5,53 bilhões, resultado 8,4% superior ao registrado em 2024.


A celulose liderou as exportações do estado, respondendo por 29,9% do total, seguida pela soja em grão (27,2%) e pela carne bovina fresca (15,07%). O destaque ficou por conta da proteína bovina, que teve um crescimento de 43,7% no acumulado do ano em comparação com 2024. O resultado reflete a capacidade da indústria frigorífica em diversificar destinos e ampliar mercados, mesmo diante das tarifas impostas pelos Estados Unidos.


Mercado da carne em reconfiguração


As exportações para os Estados Unidos sofreram um recuo devido às novas barreiras tarifárias impostas pelo país ao produto brasileiro. Apesar disso, os embarques totais de carne bovina de Mato Grosso do Sul registraram alta, impulsionados principalmente pela demanda de países asiáticos como China e Filipinas.


Em agosto, a China se destacou como principal destino da carne bovina sul-mato-grossense, com compras que somaram US$ 91 milhões. O Chile ficou em segundo lugar, com US$ 16,4 milhões, seguido pelo México, com US$ 11,8 milhões. Outros mercados relevantes como Israel, Turquia, Filipinas e Itália também mantiveram participação significativa. Já os Estados Unidos, mesmo com a tarifa de 50%, importaram US$ 7,6 milhões, ficando atrás de outros países emergentes no ranking mensal.


“As preocupações do setor eram sobre como isso interferiria nas exportações de modo geral. O resultado foi uma redução de aproximadamente 53% nas exportações de Mato Grosso do Sul para os EUA, entre julho e agosto. No entanto, mesmo sem a abertura de novos mercados, países como China, Rússia, Filipinas, Turquia e Israel que já são parceiros comerciais aumentaram suas compras. Com isso, o balanço do mês de agosto foi positivo, o que reforça a competitividade dos produtos sul-mato-grossenses”, afirma Eliamar Oliveira, consultora de economia do Sistema Famasul.


Ela acrescenta que, mesmo com as oscilações, o cenário continua favorável para o setor: “A expectativa segue positiva, precisamos da manutenção dos bons volumes de exportação para esses mercados. Isso cria um cenário promissor para um desempenho consistente no ano. Tivemos um recorde, e observamos que a China, nosso principal destino, aumentou as compras em 20%. Além disso, a Indonésia habilitou recentemente 17 novas plantas frigoríficas, sendo duas delas em Mato Grosso do Sul. É importante conquistar novos destinos, diversificar mercado para evitar a dependência de um único cliente e possibilitar o crescimento sustentável para as exportações”


Ações do Senar/MS que fortalecem a Exportação


Para apoiar a inserção de pequenos e médios produtores no mercado externo, o Senar/MS tem atuado de forma estratégica por meio da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Agroindústria e do agroBR. O programa acompanha os empreendedores desde a estruturação da agroindústria rural, passando pela adoção de boas práticas de fabricação, desenvolvimento de identidade visual, formalização e definição de estratégias de comercialização. A cadeia da agroindústria se consolida, assim, como uma alternativa relevante para a geração de emprego, renda e valorização de produtos regionais no campo.


Além disso, por meio da iniciativa Caminhos da Exportação, promovida pelo Senar/MS em parceria com o agroBR, programa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), produtores rurais são preparados para atuar no mercado internacional. O programa contempla o preparo do produtor e do produto para exportação, habilitando a propriedade, adequando a apresentação do produto e da empresa (incluindo materiais promocionais), definindo preços competitivos para o mercado externo e, principalmente, colocando o produtor em contato direto com clientes de outros países.


Essa aproximação ocorre por meio de rodadas de negócios e missões internacionais em feiras no exterior, onde o produtor também tem a oportunidade de divulgar sua marca. Com essa iniciativa, o programa já contribuiu para a exportação de produtos como fécula de mandioca, tapioca, molhos de pimenta e outros itens regionais, abrindo novas rotas comerciais e ampliando as possibilidades de acesso a mercados internacionais.

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