Um homem de 57 anos foi levado ao Pronto Socorro de Corumbá na noite de ontem (06) ao ser atacado por uma onça-pintada. Segundo a entrevista dele ao site local Diário Corumbaense, a ocorrência foi no momento em que retornava para sua casa, no Mirante da Capivara, às margens do rio Paraguai.
A vítima detalhou que é casado, porém, reside sozinho na região e naquela dia, quando saiu cedo para ir até o centro pagar contas, esqueceu de deixas luzes acesas, sendo essa uma prática comum para espantar animais silvestres.
“Desci com um pedaço de pau nas mãos, quando do nada senti algo vindo para cima de mim, e, logo, já me defendi usando o pau que carregava, foi muito rápido. Quando vi, era a onça que saiu correndo após ser atingida”, contou o homem.
Ainda na entrevista, detalhou que mesmo ferido e assustado, verificou como estavam seus cães e percebeu que dois haviam sido levados pela onça. “Foi muito assustador. Não chamei ninguém na hora, só avisei minha esposa, que veio com os bombeiros”.
O resgate só aconteceu na manhã desta quinta-feira (07). O morador sofreu escoriações na testa, um corte superficial no nariz, lesão no olho direito e fortes dores na região torácica. Não houve a necessidade de internação.
O sujeito jurou ao site que não foi a primeira vez que sofreu um ataque de onça, sendo que quatro cachorros de estimação já foram devorados somente no decorrer deste ano. Em um desses episódios, o morador disse que usou um pedaço de pau para espantar o felino.
Além dos cães, o corumbaense cria galinhas e cabritos no terreno, o que pode ter atraído o felino. O morador faz um apelo por providências. “Está difícil viver assim. Quase fui uma vítima, algo precisa ser feito pelas autoridades”, cobrou.
Segundo os bombeiros que participaram do resgate da vítima, grande quantidade de sangue foi encontrada nas imediações da residência, indicando que houve uma luta pela sobrevivência.
Onças-pintadas estão cada vez mais frequentes em Corumbá
Desde março, o número de avistamento de onças-pintadas em Corumbá aumentou. O IHP (Instituto Homem Pantaneiro) mapeou casos no Parque Municipal Marina Gattass; área da Agesa; na rodovia Ramão Gomes, perto do posto da Polícia Rodoviária Federal; perto do Canal do Tamengo e na região do Mirante da Capivara.
Neste último local, a onça foi filmada por câmera de segurança no dia 23 de maio e afugentada por cães da residência quando tentava atacar uma cadela. Essa área é próxima do rio Paraguai, uma região de mata fechada e rica em fauna.
Para resolver a situação, um Plano de Ação Interinstitucional foi colocado em prática para o manejo de onças avistadas em áreas próximas a residências e criações de animais. Outra medida foi a utilização de repelentes luminosos nos pontos onde as onças foram vistas. Os equipamentos piscam em quatro cores diferentes, em sequências variadas, o que tende a afastar os felinos.
Em caso de emergências ou avistamento de animais silvestres, o IHP orienta que a pessoa que fez o avistamento faça contato pelos telefones (67) 3232-2469 e (67) 99266-4052 e comunique local/data/horário aproximado do avistamento. No caso de registro do animal, compartilhar as imagens com as autoridades.
Orientações básicas para segurança:
– Não se aproxime da onça. Evite qualquer tentativa de contato muito próximo, mesmo que o animal pareça calmo;
– Onças com filhotes ou carcaças podem ser mais agressivas. Redobre os cuidados nesses casos;
– Mantenha luzes externas acesas em locais com possível presença da espécie;
– Nunca alimente onças e não jogue resíduos orgânicos em locais onde houve o registro desses animais;
– Locais onde haja suspeita da “ceva” (oferta de alimentos para animais selvagens), prática considerada crime pela legislação ambiental, devem ser evitados porque trazem grande risco de conflito com as onças, bem como devem ser denunciados à Polícia Militar Ambiental;
– Verifique pelo caminho que estiver percorrendo a presença de pegadas. Se essas pegadas sinalizam serem frescas ou antigas, e evite andar sozinho nesses locais;
– Caso encontrar com uma onça no trajeto, evite a aproximação e tente manter a maior distância possível até que o animal saia do contato visual;
– Se você estiver frente a frente com uma onça, não se vire e não corra – esse comportamento pode remeter ao de uma presa e causar reação do animal;
– Ainda no caso de estar frente a frente com uma onça, mantenha contato visual e procure distanciar-se andando para trás sem movimentos bruscos;
– Depois que a onça sair do contato visual, procure evitar o trajeto ou, se precisar seguir adiante, espere algumas horas para percorre-lo, sempre com atenção ao caminho.
