Mato Grosso do Sul poderá uma campanha para estimular a doação de sangue de animais domésticos, prática essa pouco conhecida, mas que é necessária para salvar a vida dos cachorros e gatos vítimas de acidentes ou de doenças. A proposta que trata do assunto foi apresentada durante a sessão ordinária da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (19) pelo deputado Neno Razuk (PL).
De acordo com o Projeto de Lei 99/2022, fica instituída no Estado a Campanha Vida Animal com o objetivo de estimular a criação e manutenção de bancos de sangue veterinários para animais domésticos.
Entre as diretrizes da campanha estão: promoção da doação segura de sangue animal, especialmente por meio da instalação e manutenção de bancos de sangue veterinários; e ampla divulgação para conscientizar os tutores de animais domésticos sobre a importância do ato de doação de sangue animal.
O texto agora segue para análise da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR).
“A doação de sangue animal ainda é uma prática relativamente desconhecida e conta com poucos adeptos. Assim como nós, os animais também podem passar por situações delicadas em que a transfusão de sangue torna-se medida decisiva. Cabe ao Poder Legislativo Estadual instituir a presente campanha, como forma de política pública a ser implementada para estimular a conscientização e instrumentalizar a doação segura de sangue animal”, defendeu o deputado Neno Razuk.
Em Campo Grande, já existem bancos de sangue animal. Um dos mais conhecidos fica na clínica veterinária da UCDB, inaugurado em 2009 pela insttuição, o local tem cerca de 300 doadores ativos, onde a cada 3 meses é realizada a doação e uma bateria de exames por parte do laboratório para garantir a segurança e qualidade do sangue doado.
Como funciona o banco de sangue veterinário
Os hemocentros veterinários operam de forma bastante semelhante às clínicas para humanos. Isso significa, principalmente, que eles também precisam de doadores para manter o estoque de bolsas. Mas, não são todos os cães ou gatos que podem doar sangue.
Para ser doador o animal precisa ter entre 1 a 7 anos, além disso, é importante que seu peso seja maior que 25kg. Os gatos devem ter de 1 a 8 anos e pesar mais de 5kg. Nos dois casos, os bichos precisam estar devidamente vacinados, vermifugados e prevenidos contra ectoparasitas. Também é fundamental que o pet seja clinicamente saudável, tenha temperamento dócil e não esteja prenhe.
A doação do sangue animal é feita com material estéril e descartável, novamente de forma bem parecida com a coleta de sangue de humanos. Depois, a bolsa de sangue é mantida no laboratório, onde passa por mais alguns exames, antes de estar liberada para a transfusão.
São sete tipos sanguíneos principais, podendo haver cãezinhos da mesma raça com tipos diferentes de sangue e haver tipos iguais entre raças distintas. Os tipos, porém, podem se combinar, o que significa que, entre outras peculiaridades, os cães podem ter uma mistura de tipos sanguíneos.
Por tudo isso, na hora de armazenar as bolsas, mais importante do que a tipagem é a separação dos componentes sanguíneos em concentrado de hemácias, de plaquetas, em plasma fresco congelado ou em crioprecipitado.
Apesar de não ser feito por todo banco de sangue pet, o procedimento contribui para que o cão receptor obtenha exatamente o que precisa, reduzindo os riscos de reações adversas nas transfusões.
Já os gatos têm três tipos sanguíneos: A, B e AB. No Brasil, a maioria é do tipo A, mas, para os felinos, a tipagem do sangue do receptor e do doador é importante para evitar reações fatais e pode ser feita de forma bastante rápida.