O Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande, já é um exemplo e grande referência no tratamento de animais, infelizmente, maltratados e apreendidos em comércios ilegais. Agora, o local deve ampliar ainda mais sua atuação e será um inédito local do Brasil e da a América Latina, a contar com um Hospital Veterinário de Animais Silvestres. Será a primeira unidade totalmente especializada na fauna silvestre da América Latina, que está sendo construída na área do Cras da Capital.
Conforme divulgação das obras, que já foram iniciadas, com previsão de investimentos de R$ 3,8 milhões, o complexo terá 1.153,33 m² de área construída. No local serão concentrará todos os atendimentos, como triagem, exames, atendimento clínico, cirurgias e reabilitação. Além de espaços administrativos, salas de cirurgia, ambientes para quarentena e laboratórios para exames. Cerca de dez profissionais trabalham atualmente no CRAS, entre médicos, biólogos, técnicos e tratadores. Contudo, a equipe também aumentará quando o Hospital Veterinário entrar em funcionamento.
O presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária, Rodrigo Bordin Piva, lembra que com um hospital, o que já faz o Cras, como foi responsável pelo atendimento dos animais vítimas das queimadas de 2020 em Mato Grosso do Sul, será muito maior o trablho. “O Cras já faz um enorme trabalho, até com certa pouca estrutura. Exemplo, depois do resgate das onças na Serra do Amolar, os animais receberam atendimento no Cras. Portanto, com o hospital mais animais poderão ser reabilitados para retornarem ao seu habitat natural, ou ainda terão chances de sobreviver aos desatares, ou aos maus-tratos do homem”, ressaltou.
O Cras foi um dos primeiros Centros de Reabilitação de Animais Silvestres do Brasil, conforme explica a médica veterinária, Aline Duarte, coordenadora da unidade. Com 34 anos de atividade, cerca de 2,5 mil animais passam por lá anualmente. “O nosso objetivo é a reabilitação do animal vítima de atropelamento, tráfico e apreensão e também de entrega voluntária. O CRAS recepciona os animais de todo o Estado e, uma vez que o animal chega, recebe o atendimento veterinário, passa por uma quarentena, para depois começar o trabalho de reabilitação”, disse.
PMA com local certo e maior
A responsável por encaminhar os animais que precisam de cuidados para o Cras é a Polícia Militar Ambiental (PMA). “Temos um atendimento primário e diversos veterinários do Estado que trabalham voluntariamente para a gente, como em Nova Andradina, que o pessoal fez até cirurgia em uma anta para estabilizar e depois nós trazermos”, disse o tenente-coronel da Polícia Militar Ambiental (PMA), Ednilson Paulino Queiroz.
De acordo com a PMA, as aves são as espécies que mais são encaminhadas ao Cras para reabilitação, sendo a maioria papagaios. Em agosto, o número de animais oriundos do tráfico aumentou, pois é o mês que se inicia o período reprodutivo.
“Normalmente nosso problema é com o papagaio, num período de retirada que começa a partir de agosto. Até o mês de dezembro, também são encaminhados para o centro de reabilitação pois os papagaios são todos filhotes’, acrescentou.
