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sexta-feira, 19 de abril, 2024
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Museu de Arte Contemporânea reabre na quarta com 1ª Temporada de Exposições

O Museu de Arte Contemporânea de MS (Marco) reabre na próxima quarta-feira (23), às 19h, com a 1ª Temporada de Exposições 2022. O museu fica no interior do Parque das Nações Indígenas e o evento é aberto ao público, com entrada franca em Campo Grande.

“É muito importante para toda a sociedade essa reabertura do Marco juntamente com as Temporadas de Exposições, uma vez que os últimos dois anos tem sido de muita apreensão por conta da pandemia. Mas agora acreditamos que com a reabertura, o público vai voltar a frequentar o museu”, afirmou o diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Gustavo Cegonha.

Museu de Arte Contemporânea reabre na quarta com 1ª Temporada de Exposições

Desta 1ª Temporada de Exposições participarão os artistas Arlete Santarosa com o trabalho “Xilos”, Patrícia Pontes e Mariana Arndt com as exposições de fotografias “Varais” e “Portunhol Selvagem Feminista” e o Coletivo com a exposição “Entre Territórios”.

As exposições que acontecem no Marco, costumam receber diversas escolas públicas e particulares para visitas mediadas, muitas das quais os estudantes participam ainda de ações educativas, fomentando o desenvolvimento artístico e cultural de MS. “Estamos muito felizes com a reabertura do Marco. Foram dois anos somente com atividades internas e ações virtuais. Sentimos muita falta de interação com o público. O museu fez 30 anos e temos muito a comemorar. Nada mais significativo do que reabrirmos com uma temporada de exposições”, destacou a coordenadora do Marco,  Lúcia Monte Serrat.                                               

Museu de Arte Contemporânea reabre na quarta com 1ª Temporada de Exposições

Para Arlete Santarosa, a gravura é uma verdadeira construção física e mental, fruto de demorada reflexão e conhecimento profundo da matéria. Há todo um tempo a ser respeitado para a sua execução, onde os processos de pensar e fazer são tão importantes quanto a obra final. A imagem invertida, o veio da madeira, as marcas do corte das goivas são as primeiras dificuldades na execução de uma xilogravura. “O grande desafio de conseguir leveza neste tipo de processo é uma superação constante na minha busca poética, juntamente com o uso de linhas sinuosas que representam o movimento e a inquietação que percebo ao meu redor. Ao ter a oportunidade de expor no Marco, trouxe obras em preto e branco e coloridas de diferentes fases da minha carreira de mais de 30 anos, selecionando entre outras, as séries: “Releituras de Dürer”; “Cenas da Cidade” e interpretação do livro “O Pequeno Príncipe” de Saint Exupéry.

Museu de Arte Contemporânea reabre na quarta com 1ª Temporada de Exposições

Ela explicou ainda o Marco, desde que ela o conheceu em 2008, sempre foi um incentivador na sua forma de receber e valorizar a arte. Naquele ano, em parceria com a artista Lana Lanna,  ela realizou um grande projeto de xilogravura e gravura em metal chamado ” Diálogos Gravados” que foi acolhido pelo museu numa grande exposição. “Além disso, o museu tem no seu acervo toda a produção completa desta parceria que infelizmente se desfez com o falecimento da Lana em 2010. Voltar agora na 1ª Temporada de Exposições com uma exposição individual significa criar um vínculo definitivo com este importante centro cultural que muito nos orgulha”, comemorou.

A exposição “Varais”, de Patrícia Pontes, fala da tentativa de libertar-se, tema que para ela, em 2020, era puramente emocional, mas que durante a pandemia se tornou uma realidade inquietante.  “Essa exposição tão esperada por mim, num museu de grande prestígio, veio na melhor hora possível. Momento em que todos nós experimentamos um pouco de liberdade, mas ainda estamos presos a inquietações e a medos que se potencializaram no decorrer destes 2 últimos anos. Depois de dois anos de melancólica pandemia, é com grande alegria que exponho minhas fotografias no Marco ”, afirmou Pontes.

Museu de Arte Contemporânea reabre na quarta com 1ª Temporada de Exposições

Para Ana Paula Macedo Cartapatti Kaimoti, professora do IFMS, campus Ponta Porã, a exposição “Portunhol Selvagem Feminista” da artista fotógrafa Mariana Arndt, arte-educadora da fronteira, reelabora, em perspectiva genderbased, a geografia poética do escritor Douglas Diegues. “Nesse processo, desloca e substitui as alusões fálicas à potência masculina da poesia do autor para o mosaico de corpos e referências das quais emerge a mulher brasiguaia fronteiriça. Em paralelo a muitos poemas de Diegues, nos quais o eu-lírico flana pelas calles de Asunción, Pedro Juan Caballero e Campo Grande, entre outras cidades que se tornam matéria-prima poética, nessa série em construção, a flânerie da fotógrafa encena uma história invisível, por meio dos signos da conurbação fronteriza, rasura periférica dos grandes centros econômicos e culturais”.

Museu de Arte Contemporânea reabre na quarta com 1ª Temporada de Exposições

“Participar da 1ª Temporada de Exposições do Marco em 2022 vai ser muito especial, para mim, por diversos motivos. Em primeiro lugar, por ser mês de março, mês de luta das mulheres contra as desigualdades, o machismo, o racismo, a lesbofobia, a transfobia, o feminicídio, enfim, contra toda a violência, em suas diversas formas, que as mulheres sofrem. Em segundo lugar, por marcar a reabertura de um dos espaços culturais mais importantes de MS, conduzido por uma equipe que tem mulheres tão potentes e que batalharam tanto para este acontecimento. E, para finalizar, a 1ª temporada está na marca de um ano em que a pandemia vem com menos força, devido à ciência, que nos proporcionou a vacina, possibilitando-nos este reencontro”, destacou a artista Mariana Arndt.

“Entre-Territórios” nasce do encontro de quatro fazeres artísticos vindos de distintos limites geopolíticos – Ásia-Argentina (Maria Chiang), Colômbia (Julián Vargas e Miguel Benavides) e Venezuela (Poppy Carpio) que encontram-se na coincidência de serem caminhantes na geografia brasileira, e que em algum momento refletiram em suas produções sobre os sentidos possíveis para pensar o território e suas fronteiras – seja ele físico, político ou imaginário – presente no próprio cotidiano ou em algum momento pontual da vida do artista. 

“Desta forma, a exposição no Marco faz possível reunir essa diversidade de olhares e perspectivas que procuram refletir sobre os conceitos de território e fronteira atrelados ao próprio fazer artístico de cada um dos artistas envolvidos. Como também convidam à quem vê a percorrer suas próprias maneiras e lugares por onde pensar e significar tais conceitos, como um grande território em aberto, a soma de muitos e a invenção constante de outros”, finalizou Poppy Carpio.

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