Núcleo 2 do plano golpista começa a ser julgado pelo STF

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O ministro Alexandre de Moraes é o relator da ação (Foto: Rosinei Coutinho/STF)

Grupo é acusado de criar minuta do golpe, monitorar autoridades e articular operação da PRF para travar eleitores

A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) inicia às 8h (de MS) desta terça-feira (9) o julgamento do chamado núcleo 2 da tentativa golpista após as eleições de 2022. Segundo denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), o grupo, formado por seis pessoas, teria participado de ações voltadas à abolição violenta do Estado Democrático de Direito e à tentativa de golpe de Estado.

De acordo com a acusação, esse núcleo teria sido responsável por produzir a “minuta do golpe”, monitorar autoridades da República e articular estratégias para dificultar o voto de eleitores, especialmente no Nordeste, durante o segundo turno das eleições. O grupo também é acusado de ter elaborado o plano chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Gerardo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

A PGR afirma que parte das ações foi registrada em conversas de aplicativos de mensagens e arquivos eletrônicos, que sustentam a denúncia por tentativa de golpe, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. O órgão pediu, além da condenação dos envolvidos, a fixação de multa para reparação dos danos.

Quem são os réus

O núcleo 2 é composto por seis acusados:

  • Fernando de Sousa Oliveira, delegado da Polícia Federal;
  • Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor internacional da Presidência da República;
  • Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva do Exército e ex-assessor presidencial;
  • Marília Ferreira de Alencar, delegada e ex-diretora de Inteligência da PF;
  • Mário Fernandes, general da reserva do Exército;
  • Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal.

Em depoimento ao STF, o general Mário Fernandes admitiu ter elaborado o plano que previa o ataque às autoridades, reforçando um dos pontos centrais da denúncia.

Acusações contra o grupo

A PGR aponta que o núcleo:

  • Elaborou a minuta do golpe;
  • Monitoreou autoridades da República;
  • Planejou a execução de Lula, Alckmin e Moraes;
  • Atuou para dificultar o deslocamento e o voto de eleitores nordestinos;
  • Participou da organização criminosa que fomentou atos golpistas em Brasília.

Contexto político

O julgamento ocorre em meio a declarações recentes do ministro Luiz Fux, que afirmou que o STF pode ter cometido injustiças em julgamentos relacionados aos ataques de 8 de janeiro. As falas repercutiram no meio político e reacenderam o debate sobre postura e divisão interna na Corte.

A análise dos ministros da Primeira Turma será decisiva para definir as primeiras condenações desse núcleo, considerado estratégico pela PGR dentro do conjunto de ações golpistas após a derrota do então presidente Jair Bolsonaro nas urnas.