Com o advento da tecnologia e as mudanças culturais, os pais encontram novos desafios para criar os seus filhos
20/02/2020 12h00
Por: Redação
Com o passar das gerações, o comportamento das crianças e adolescentes mudou e, com isso, novas estratégias para a criação dos filhos surgiram. Um estudo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sobre o aprendizado na era moderna, concluiu que nossos jovens devem aprender todas estas habilidades, tais como pensamento crítico, resolução de problemas, colaboração, liderança, adaptabilidade, empreendedorismo, comunicação oral, escrita eficaz, acesso e análise de informações, criatividade e trabalho em equipe.
Diversas competências, adquiridas nos primeiros anos de vida, são fundamentais para o futuro dos pequenos e fica, para os pais, o desafio de incentivar os seus filhos a explorar as suas vocações. A psicóloga que atende na Cassems, Célia Calarge, fala sobre os principais desafios e estratégias para a criação dos filhos.
Atualmente, muito se discute sobre as alternativas entre uma criação mais rígida ou com mais liberdade. Para a psicóloga, criar os filhos é um investimento de riscos e, para isso, é importante estar atento à diversos sinais. “Para se chegar o mais próximo possível de um equilíbrio, é necessário investir em um ambiente pautado pela liberdade de expressão e respeito ao outro, não importando em que fase do desenvolvimento a criança possa estar”.
Célia deixa claro que não há garantia de que não existam conflitos, mas a maneira de lidar com eles influencia na relação familiar. “Alguns conflitos são inevitáveis e são inerentes à vida do ser humano, mas em um ambiente de diálogo, os membros da família terão a oportunidade de conversar livremente sobre esses conflitos, esclarecer o que está acontecendo antes que os sinais precisem ficar tão claros através de sintomas”.
De acordo com a psicóloga, os avanços tecnológicos também influenciam diretamente na formação das crianças e adolescentes, na sociedade atual. “A criança é um pequeno indivíduo em construção e adaptação ao meio em que está inserida. As condições ambientais em que vive e a sua estrutura familiar são aspectos significativos no desenvolvimento de sua personalidade e, de sua maneira de ser, suas potencialidades e de conhecimento do mundo. Ela constrói sua identidade partir do que é lhe oferecido”.
O conselho de Célia para os pais é buscar um equilíbrio e negociar o tempo de uso e conteúdo consumido nas redes, dos filhos. “Cabe ao meio, no caso os pais, encontrarem um equilíbrio, estabelecendo regras claras quanto ao uso e, principalmente, o controle dos conteúdos. No caso de crianças, podemos dizer que é menos complicado, há aplicativos que controlam o que a criança pode acessar. Com os adolescentes não é bem assim, mas os pais devem estabelecer regras claras e limitação para o uso com punição para não cumprimento”.
Ainda, atualmente, como apontado pela psicóloga, há um movimento dos pais em potencializar as capacidades nas crianças, para torná-las adultos bem sucedidos e, com isso, prejudicar o desenvolvimento dos pequenos. “Isso se torna um problema quando os pais conferem um significado especialmente utilitarista ao seu viver, este agir desse pai pode estar furtando o que é mais precioso para a criança, que é justamente o seu tempo de ser criança. Por trás deste movimento de tentar acelerar os processos do desenvolvimento das crianças, ocultam-se dificuldades que podem ser desencadeadas na vida adulta, justamente devido a uma infância fragilizada na qual a criança não teve tempo de ser criança”.
Célia aborda a questão de como conduzir uma criação com pais divorciados, situação comum entre as famílias, nos dias atuais. “Clinicamente falando, há uma tendência dos filhos se culparem pelo divórcio e isso pode agravar ainda mais a situação. Existem casos em que a família toda precisa de ajuda profissional. Não existe uma receita para criar filhos, estejam os pais juntos ou separados. O que importa em qualquer situação é o estabelecimento de diálogo, fundamentado no afeto e no respeito, visto que através destas atitudes, os pais assumem com efetividade a função tão importante, que é de educar”.
Em todas as situações, o diálogo é a principal ferramenta para proporcionar boa interação familiar, de acordo com a psicóloga. “O diálogo é a principal ferramenta para qualquer tipo de relação, sendo uma interação entre duas ou mais pessoas e, para que seja possível de acontecer, é importante que permitam a intervenção de todos os membros. Através do diálogo, pais e filhos se conhecem melhor verbalizando sentimentos”.
