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quinta-feira, 28 de março, 2024
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Rede Geográfica da Covid-19 no MS alerta para falta de leitos nos polos de saúde

Análises Geocartográficas dos Indicadores de Morbidade e de Mortalidade da Covid-19 em Mato Grosso do Sul, realizada da 29ª a 31ª semanas epidemiológicas, apontam que 84% dos novos casos ocorrem em apenas 20% dos municípios do estado, com alarme para a falta de leitos clínicos e UTIs nos polos de saúde, como Campo Grande, Dourados, Corumbá e Três Lagoas.

O relatório técnico, com análise válida até 11 de agosto, é assinado por pesquisadores da Rede Geográfica de Análise da Pandemia em Mato Grosso do Sul, composta por professores, técnicos e estudantes da UFMS, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB).

Os pesquisadores destacam que “tão importante quanto o crescimento numérico é o crescimento percentual, que permite identificar possíveis associações espaciais entre municípios limítrofes, como na conurbação Aquidauana-Anastácio. Destacamos, ainda, a necessidade de aprofundamentos de estudos científicos sobre as relações fronteiriças nacionais e internacionais, uma vez que um número significativo de municípios que apresentaram aumento dos casos possuem relações de fronteiras com territórios acometidos pelo avanço da doença, como por exemplo: Três Lagoas, Anaurilândia e Bataguassu nos limites com o estado de São Paulo, Ladário e Corumbá na fronteira com a Bolívia; e Chapadão do Sul na divisa com o estado de Goiás”.

O índice de morbimortalidade da Covid-19, que permite comparar as variações de cinco indicadores de frequências absolutas e relativas de novos casos confirmados e de novos óbitos para um período de quatorze dias, foi maior em Campo Grande, chegando a 9,23.

“Esse contexto sanitário associado ao esgotamento do SUS já expõe o estado a um risco excessivo pela baixa quantidade de leitos de UTI disponíveis no sistema de saúde que é responsável por dar resposta a 55% da população sul-mato-grossense, população que reside nos municípios da macrorregião de saúde de Campo Grande. Outros polos de microrregiões de saúde dessa macrorregião contam com baixa quantidade de leitos clínicos com isolamento reservados para tratamento da CoVID-19 e irrisória oferta de leitos globais de UTI”, dizem.

Aquidauana também apresentou alto índice, de 4,59, sendo o município com o maior crescimento do índice na comparação com relatório anterior, na qual registrava 0,82.

“Os indicadores de morbidade e de mortalidade elucidam o expressivo e rápido crescimento. O índice de 4,59 representa um nível de alerta 4, que expressa grave situação de saúde pública no contexto da pandemia pelo novo coronavírus. A área urbana de Aquidauana é conurbada com o a área urbana do município de Anastácio, unidas por pontes sob um rio. Neste contexto as intervenções dos gestores públicos exigem ações coordenadas para serem resolutivas e eficientes, uma vez que o município de Anastácio também apresenta aumento no índice, de 1,46 para 2,18.

Para os especialistas, as microrregiões de saúde de Três Lagoas e de Nova Andradina devem articular as ações para intervenções nos municípios limítrofes. Outros seis municípios do estado apresentam nível de alerta 4, sendo cinco em ritmos crescentes: Sidrolândia, Terenos, Iguatemi, Corumbá e Miranda.

“Para a microrregião de saúde de Corumbá (Corumbá e Ladário) os níveis de alerta se mantém elevados (4 e 3 respectivamente) e o índice de morbimortalidade e de letalidade são altos com 3,5 e 3,13 para Corumbá e 2,24 e 2,01 para Ladário. Esses indicadores retratam a dificuldade que o sistema de saúde local tem em providenciar condições para tratamento de terapia intensiva para aqueles que estão em leitos clínicos por falta de UTI”, afirma a professora do Campus do Pantanal Elisa Pinheiro de Freitas, uma das responsáveis pelo relatório em Corumbá.

No relatório, os pesquisadores são enfáticos ao afirmar que não bastam medidas apenas nos municípios que já registram quantidades de óbitos e leitos clínicos e de UTI insuficientes diante da demanda, é preciso realizar um esforço multiinstitucional entre os gestores municipais que compõem as regiões de saúde, entre esses e as ações coordenadas pelos gestores estaduais, nacional e da América do Sul.

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