A colheita do milho safrinha não será boa nesse ano nas propriedades rurais de Dourados e região, bem como a todo Mato Grosso do Sul, que deve somar perdas adicionais de 2,7 milhões de toneladas. A Aprosoja-MS avalia que o volume de produção do milho no Estado, que tinha expectativa de colheita equivalente a 8,2 milhões de toneladas, agora não deve passar das 6,2 milhões de toneladas. Os motivos neste ano é a sequencia de tempo seco, muito quente, sem chuva e com sol que barrou o desenvolvimento da plantação, e após veio frio, com geada e até ‘gelo’ que ‘torraram e gelaram’ o milho no pé. O MS teve desde inicio do inverno em 21 de junho, praticamente um mês da Estação, duas grandes frentes frias intensa, com temperatura a zero graus ou até negativa. E nesta semana, a previsão aponta outro e talvez pior clima gelado do ano.
As condições se agravaram em todo o Estado devido aos efeitos climáticos de estiagem, granizo e geada. Mato Grosso do Sul possui em boas condições 1% de suas lavouras, 38% em estado regular e 61% em estado ruim.
“Foi grande geada, que atingiu todo o Conesul e algumas regiões centrais, onde há muito tempo não se tinha relatos de ocorrência de geadas em MS. Os danos foram muito severos e irão impactar de maneira muito significativa para toda sociedade. É hora do produtor avaliar sua lavoura minuciosamente e salvar o máximo de milho possível, com foco em aproveitar, de alguma forma, o que restou da lavoura. Não podemos deixar de lado nossas obrigações e temos que honrar os contratos firmados, para não gerar um colapso nos acordos comerciais. Agora é preciso fazer uma colheita cautelosa, a fim de minimizar os prejuízos”, aponta o presidente da Aprosoja/MS, André Dobashi.
O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Ângelo Ximenes, avalia com quase certeza, que devido a estiagem e geada, os agricultores vão perder cerca de 50% da lavoura, ou seja, metade do plantio ficou comprometido devido as influências climáticas. A expectativa é que o homem do campo colha 40 sacas por hectare, quantidade bem inferior se comparada a colheita de 2020 na qual foram aproveitadas cerca de 76 sacas por hectare.

Esperavam superar clima
Ângelo afirmou que os agricultores foram pegos de surpresa, porque o fenômeno natural ocorreu antes da formação completa de grãos. O fato veio, apesar do produtor rural trabalhar em cima das previsões meteorológicas e saber que a estiagem e a geada fazem parte do clima de inverno,
“Apesar das previsões os agricultores acreditavam que os grãos iriam formar primeiro, essa é sempre a expectativa do agricultor. Tivemos uma estiagem em abril e maio e acreditávamos que a geada não viria mais ou se viesse seria após a formação do grão, porém ela veio no final da formação”, explicou Ângelo.
Já se prevê alta preço
O presidente do Sindicato Rural de Dourados destacou ainda uma mudança no cenário da economia. “É um cenário um pouco diferente, teremos pouco produto para circular e consequentemente o preço vai aumentar, hoje a cotação está em torno de R$ 85 mas deve atingir os três dígitos, o que aparentemente pode parecer vantajoso ao agricultor, mas ocorre que o preço está travado para muitos que já fizeram contrato por um preço inferior. Mas, aquele produtor que não fez contrato, acredito que vai cobrir os seus custos e sobrar um pouquinho”, ressaltou o presidente.