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sábado, 2 de agosto, 2025
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Senado inicia missão oficial aos EUA para reabrir diálogo político em meio à tensão comercial

Uma comitiva de senadores brasileiros parte, neste fim de semana, para os Estados Unidos, com o objetivo de fortalecer o diálogo político entre os dois países, em meio ao agravamento das tensões comerciais após o anúncio de novas tarifas contra produtos brasileiros. A missão oficial, organizada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e aprovada por unanimidade pelo Plenário da Casa, terá compromissos em Washington de segunda (28) a quarta-feira (30).

A agenda inclui reuniões com parlamentares norte-americanos, empresários, especialistas em comércio internacional e representantes de organismos multilaterais. O foco é demonstrar a disposição do Legislativo brasileiro em fortalecer a interlocução bilateral e construir pontes institucionais em resposta ao cenário de incertezas.

A delegação é composta por oito senadores: Nelsinho Trad (PSD-MS) – presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) e líder da missão; Tereza Cristina (PP-MS) – ex-ministra da Agricultura e vice-presidente da CRE; Jaques Wagner (PT-BA) – líder do governo no Senado; Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) – vice-presidente do Grupo Parlamentar Brasil–Estados Unidos e ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações; Rogério Carvalho (PT-SE) – líder do PT no Senado; Carlos Viana (Podemos-MG); Fernando Farias (MDB-AL); e Esperidião Amin (PP-SC).

Na segunda-feira (28), os senadores começam a programação na Embaixada do Brasil em Washington, com diversas reuniões, e, a partir das 13h, participam de encontros na sede da U.S. Chamber of Commerce com lideranças empresariais e representantes do Brazil-U.S. Business Council.

Segundo o presidente da comissão, senador Nelsinho Trad, a missão tem caráter suprapartidário e se trata de uma resposta institucional a uma crise que afeta empregos, exportações e investimentos em setores estratégicos da economia. “Preservar empregos. Este é o nosso norte”, afirmou o senador. “Não viemos aqui para confrontar. Viemos para conversar”, disse.

O grupo defende que os canais técnicos e diplomáticos com os EUA permaneçam ativos, mas que sejam acompanhados de uma articulação política em alto nível, como forma de demonstrar disposição ao diálogo e à construção de soluções de longo prazo.

Setores em alerta

As novas tarifas norte-americanas preocupam produtores e exportadores brasileiros. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) avalia que as perdas decorrentes das tarifas unilaterais podem chegar a R$ 175 bilhões nos próximos dez anos. Isso representa uma redução do PIB brasileiro a longo prazo de 1,49%. Caso o Brasil imponha tarifas de 50% lineares aos produtores norte-americanos, o impacto seria maior e chegaria a R$ 259 bilhões, com redução do PIB de longo prazo de 2,21%.

Ao todo, 30 segmentos da economia brasileira direcionam pelo menos 25% de suas exportações aos Estados Unidos, com destaque para setores industriais de alto valor agregado.

Entre os produtos mais atingidos estariam:
• Tratores e máquinas agrícolas, com queda estimada de 23,6% nas exportações e retração de 1,86% na produção;
• Aeronaves, com recuo de 22,3% nas exportações e redução de 9,2% na produção;
• Carnes e aves, com 11,3% de queda nas exportações e impacto de 4,2% na produção nacional.

Nos Estados Unidos, os impactos também são negativos. A média tarifária paga pelos consumidores quintuplicou, e o PIB pode cair 1,6% em três anos. Estados como Califórnia, Flórida e Texas, grandes importadores de bens brasileiros, devem ser diretamente afetados. Haveria aumento no custo de vida, escassez de insumos e perda de competitividade industrial.

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