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sábado, 5 de julho, 2025
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Setembro Amarelo: campanha é essencial durante pandemia e isolamento social

Desde 2015, por iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), setembro ficou instituído como o mês da prevenção ao suicídio, campanha conhecida como Setembro Amarelo. Contudo, esse ano, a conscientização vem de um modo diferente: diante da pandemia do Covid-19, isolamento social e outras mudanças drásticas que 2020 trouxe, a conversa sobre saúde mental tornou-se algo ainda mais emergencial, pois, a atual situação escancarou transtornos que antes estavam escondidos para muitas pessoas, como a depressão e ansiedade.

Em Mato Grosso do Sul os números são alarmantes e, de acordo com a Rede Psicossocial da Secretaria de Estado de Saúde, em 2019, mais de 200 pessoas atentaram contra a própria vida de forma fatal. No mesmo período, mais de 3 mil pacientes foram atendidos em unidades de saúde por tentativa de suicídio, o que torna o quadro bem delicado. 

Mudanças na rotina e comportamento, incertezas sobre o futuro e outras condições impostas pelo Covid-19, afetaram boa parte da população, tanto a que se vê obrigada a sair de casa para trabalhar e precisam lidar com o medo da contaminação, quanto aos que se isolaram, saindo apenas em casos necessários. 

De acordo com o psicólogo Fabrício Siqueira, esse ano, dada as circunstâncias, a campanha se torna ainda mais importante porque vem para lembrar do cuidado com o outro, especialmente nesse período em que as pessoas precisam estar distantes umas das outras. 

“A campanha vem para restabelecermos de certa maneira uma relação de cuidado com o outro, um olhar para aquele que, de alguma forma, precisa ser cuidado, olhado, atendido. É uma ação de cuidado em um momento tão propício a ser gatilho de tentativas desesperadas para acabar com o sofrimento vivido.”, afirma. 

Quem viu sua rotina e saúde mental ser afetada foi a jornalista, de 22 anos, que preferiu não se identificar, mas contou que os sintomas da depressão ficaram mais evidentes desde que começou o homeoffice. Acostumada a ser comunicativa e preferir conversar pessoalmente, ela sente falta de sair para se distrair e encontrar seus amigos, assim, encontrou refúgio nos livros, filmes, séries e os estudos do curso de Psicologia, os quais a preenchem e aliviam a falta de contato com o mundo externo. 

Esse período também trouxe à tona as condições que a ansiedade impõe, e a professora do ensino infantil,  Angela Rodrigues, de 23 anos, começou a  se questionar a respeito da vida e seus propósitos. Porém, se por um lado existem questionamentos, do outro há a busca por respostas. 

“Eu faço terapia, isso me deixa um pouco mais tranquila, sei que terei um dia na semana em que poderei falar sobre minhas questões e isso me deixa mais calma.”, afirma. 

Conforme Fabrício, é preciso fortalecer as relações interpessoais, pois, segundo sua palavras “isolamento de corpos é diferente de isolamento social”. Assim, pode-se fortalecer os laços por meio da internet, cartas, telefone e usando outros diversos recursos.

Ainda segundo ele, não existe uma receita para saúde mental, mas é preciso estar atento a nós e aos outros, cuidando e observando pensamentos, sentimentos, atitudes e, se for o caso, buscar ajuda por meio de psicoterapia, psiquiatras e outros profissionais. 

“É preciso ter algo que faça sentido em nossa vida, seja uma atividade física, um projeto profissional, familiar, religioso, ou outro qualquer. Porém, é comum que em alguma circunstância possamos nos perceber demasiado tristes, angustiados, insatisfeitos com nossa própria vida, nos vermos sem um sentido, e é nesse momento em que precisamos de ajuda. A psicoterapia é um ótimo lugar para nos cuidarmos, tratarmos as nossas questões.”, concluiu.

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