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quinta-feira, 25 de abril, 2024
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Setembro Amarelo

A morte não é contrário da vida, e sim sua consequência. Historicamente a palavra suicídio (etimologicamente sui = si mesmo; – caedes = ação de matar) foi utilizada pela primeira vez por Desfontaines, em 1737 e significa morte intencional autoinfligida, isto é, quando a pessoa, por desejo de escapar de uma situação de sofrimento intenso, decide “tirar sua própria vida!”

A tensão nervosa culmina nos conflitos intrapsíquicos que transtorna a tal ponto, que a morte torna-se único refúgio e a inevitável solução dos problemas. Acredito também que o o suicida tenta depositar a culpa de sua morte nos outros indivíduos que compõem seu ambiente social, principalmente nos mais próximos. Neste caso o suicídio funciona como um ”castigo”. É como revidar uma agressão do ambiente que o envolve. Por isto os recados dizendo “agora você vai se lembrar de mim o resto de sua vida”

Na civilização romana, importante era a forma de morrer: com dignidade e no momento certo. Para os primeiros cristãos, a morte equivalia à libertação, pois a doutrina pregava que a vida era um “vale de lágrimas e pecados”. Nesse momento a morte surgia como um atalho ao paraíso. Nos séculos V e VI, nos Concílios de Orleans, Braga e Toledo, proibiram as honras fúnebres aos suicidas, e determinaram que mesmo aquele que não tivesse obtido sucesso em uma tentativa deveria ser excomungado. Os familiares dos suicidas eram deserdados e vilipendiados enfrentando os preconceitos sociais. Apenas na Renascença a humanidade dos suicidas foi reconhecida, o romantismo desse período forjou em torno do tema uma áurea de respeitabilidade.

Em outras culturas, o suicídio era um ato de bravura, como quando os kamikazes direcionaram seus aviões-bomba aos contratorpedeiros americanos em Pearl Harbor. Quando buscamos uma solução bíblica encontramos “nenhum homicida tem permanente, nele, a vida eterna” (1 João 3.15). O Marquês de Maricá dizia: “Os nossos maiores inimigos existem dentro de nós mesmos” uma fronteira tênue.

A ajuda existe, e de alguma forma persiste, exemplifico os Psicólogos por Amor. É iniciativa gratuita foi criada pelo vereador e psicólogo, Ronilço Guerreiro (Podemos), com a ajuda de outros sete psicólogos. Por meio de reuniões semanais no Google Meet, o grupo debate diferentes temas, no qual os pacientes podem intervir durante a conversa sempre que achar necessário. A assistência individual é oferecida pelo próprio Ronilço.Para solicitar atendimento, entre em contato pelo número (67) 9 9115 0283. Outro exemplo  engajado em promover ações que garantam acolhimento, a troca de experiências e a valorização da vida, traz o Município de Costa Rica, através da Secretaria Municipal de Saúde, criou o Grupo de Terapia Comunitária Integrativa, na Unidade de Saúde Vale do Amanhecer. É voltado para idosos principalmente em situação de isolamento, que apresentem sintomas de depressão, pouca interação, que não moram com outros familiares. Os encontros são alinhados pelas agentes de saúde junto aos psicólogos das demais Unidades de Saúde e realizados nas sextas-feiras, período matutino.

Não pretendo conceituar o suicídio, mas contribuir para os que estão em volta de alguém com um problema que pra ele ou ela é incalculável, e que se deprime ou se anula como pessoa, podendo desenvolver um quadro de depressão, que pra mim é o mal do século; pois as famílias não conversam mais, não almoçam juntas e não temos mais cadeiras nas calçadas. Acredito ainda, que o suicidado quer verbalizar a todos, que sua palavra precisa ter valor; que precisa de atenção, claro, como todos nós! Por isso nunca esqueça do seu próximo, de responder as mensagens, de retornar quando possível, a ligação, de agradecer pelo que faz ,(isso mesmo: não ser ingrata nem egoísta)…isso faz uma diferença incomensurável: acredite!

Escrito por Rosildo Barcellos  – Articulista

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