O setor de alimentação fora do lar em Mato Grosso do Sul tem apresentado uma recuperação econômica mais acelerada do que a média nacional, segundo levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). A pesquisa, realizada entre os dias 23 de junho e 1º de julho com empresários do ramo, contou com ampla participação dos associados sul-mato-grossenses, o que permitiu a elaboração de um recorte específico para o estado.
De acordo com os dados, 46% das empresas do setor no estado registraram lucro em maio de 2025, enquanto 35% apontaram estabilidade e apenas 18% amargaram prejuízo. “Para a Abrasel no MS é sempre uma grande conquista poder ter acesso a essas informações, e a participação dos empresários do nosso estado nos permite isso. Por isso, sempre motivamos esse envolvimento para que seja possível conhecer o cenário, especialmente em nossa região”, destacou João Francisco Fornari Denardi, presidente da Abrasel no Mato Grosso do Sul.
Fatores locais impulsionam crescimento
Segundo Denardi, diversos fatores têm colaborado para esse desempenho positivo, como a chegada de grandes empresas em cidades do interior, políticas estaduais de incentivo fiscal, aumento dos investimentos por parte dos empresários e ações da própria Abrasel, como eventos e capacitações.
Cidades como Dourados, Três Lagoas e Corumbá têm sido destaque nesse movimento, registrando aumento de investimentos e crescimento na circulação econômica — o que impacta diretamente os bares e restaurantes locais.
Reajustes de preços abaixo da inflação
Apesar da recuperação, o setor enfrenta desafios para repassar custos ao consumidor. A pesquisa apontou que 32% dos empresários não conseguiram reajustar os preços nos últimos 12 meses. Outros 59% realizaram aumentos dentro ou abaixo da inflação, e apenas 9% aplicaram reajustes superiores à média inflacionária.
A estratégia de contenção de preços visa manter os clientes e garantir fluxo de caixa, mesmo à custa da margem de lucro. Embora arriscada a longo prazo, a tática tem sido considerada necessária diante da sensibilidade do consumidor.
Endividamento abaixo da média nacional
Outro ponto positivo é o nível de endividamento das empresas do setor em Mato Grosso do Sul. Apenas 20% relataram ter dívidas em atraso, índice bem inferior à média nacional, que chega a 37%.
No estado, os principais débitos estão relacionados a impostos estaduais (73%), taxas municipais (45%) e impostos federais (13%). Em contraste, no cenário nacional os impostos federais lideram (73%), seguidos pelos estaduais (52%) e empréstimos bancários (37%).
A diferença indica, segundo especialistas, uma gestão mais cautelosa ou uma capacidade maior de negociação com o poder público e fornecedores por parte dos empresários sul-mato-grossenses.
Cenário nacional ainda busca estabilidade
Em âmbito nacional, a pesquisa também revelou sinais de melhora: 41% das empresas apresentaram lucro em maio, 39% mantiveram estabilidade e 18% tiveram prejuízo — o menor índice de perdas desde dezembro de 2024.
No entanto, o problema do endividamento ainda é um obstáculo relevante. Mais de um terço das empresas do setor no país continuam com pagamentos em atraso, especialmente ligados a tributos e empréstimos.
Importância estratégica da pesquisa
A Pesquisa Nacional de Conjuntura Econômica da Abrasel tem se tornado uma ferramenta essencial para orientar empresários, formuladores de políticas públicas e investidores. O recorte regional só foi possível devido à forte adesão dos associados no estado.
“Quando temos uma boa adesão dos empresários locais, conseguimos mostrar com clareza a realidade do nosso setor aqui. Isso nos ajuda a defender políticas públicas mais adequadas e a orientar nossos associados com mais precisão”, reforçou João Francisco Fornari Denardi.
Além disso, os dados funcionam como um termômetro confiável para investidores interessados em atuar num mercado em crescimento e com riscos controlados, como o de Mato Grosso do Sul.