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sexta-feira, 3 de maio, 2024
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Sob pressão, Banco Central inicia reunião para definir taxa básica de juros

Expectativas mostram que diretores do Copom não devem ceder às investidas do governo e do setor produtivo e manter a taxa Selic no maior nível dos últimos seis anos

O Copom (Comitê de Política Monetária) inicia nesta terça-feira (2) a reunião que vai definir a taxa básica de juros que permanecerá vigente até o fim do mês de junho. A decisão será tomada novamente sob pressão do governo pela redução da Selic.

As expectativas, no entanto, mostram que os diretores do BC (Banco Central) não vão ceder às investidas do Planalto e vão manter, pela sexta vez seguida, a taxa Selic em 13,75% ao ano, o maior patamar desde o início de 2017.

Nesta terça, o presidente do BC, Roberto Oliveira Campos, e os oito diretores da autoridade monetária realizam apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas da economia e o comportamento do mercado financeiro.

Amanhã (3), o Copom projeta as possibilidades futuras e define o patamar da Selic. O veredito a respeito dos novos juros será anunciado após as 18h, e ficará vigente por ao menos 45 dias, quando os diretores do BC voltam a se encontrar para discutir novamente a conjuntura econômica nacional.

Com a manutenção dos juros no maior nível dos últimos seis anos, o BC virou alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da equipe econômica. Após a última definição do Copom, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou o resultado como “preocupante”. O coro foi seguido também pelo setor produtivo, que vê o atual patamar como um equívoco.

Mesmo diante das críticas, os diretores da autoridade monetária não descartaram na última reunião a chance de voltar a subir os juros para conter a inflação. “O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, destaca a ata.

Os embates consideram que a taxa Selic é o principal instrumento de política monetária para conter a inflação. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas opções de investimento pelas famílias. Como consequência, os juros mais altos inibem o crescimento da economia.

Para os analistas do mercado financeiro, a Selic será mantida no atual patamar na reunião desta quarta-feira (3) e só passará a cair no segundo semestre. Eles avaliam que o primeiro corte acontecerá no dia 20 de setembro, quando a taxa cairá 0,25 ponto percentual, dos atuais 13,75% para 13,5% ao ano.

Até o final deste ano, são esperadas outras duas outras quedas e a taxa básica de juros está projetada para finalizar 2023 em 12,5%, com baixas de 0,5 ponto percentual nas reuniões do Copom de novembro e dezembro.

Selic

A taxa básica de juros é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. A Selic é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.

Em linhas gerais, é a taxa Selic que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.

A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.

Fonte: R7

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