O número de casos suspeitos de intoxicação por metanol em Mato Grosso do Sul subiu para cinco, segundo atualização divulgada pelo Ministério da Saúde neste sábado (4). Entre as ocorrências está a morte de Matheus Santana Falcão, de 21 anos, em Campo Grande, após apresentar sintomas compatíveis com envenenamento pela substância.
De acordo com o levantamento federal, o país já soma 195 notificações de intoxicação por metanol, sendo 13 óbitos em investigação. Em Mato Grosso do Sul, três casos são da Capital — um paciente segue internado em hospital particular, outro recebeu alta e o terceiro resultou em morte. Também há casos em apuração nos municípios de Ladário e Rio Brilhante.
Análises laboratoriais
As amostras de sangue e urina das vítimas foram encaminhadas ao Lacen/MS (Laboratório Central de Mato Grosso do Sul) para identificação do composto químico. Até o momento, nenhum exame confirmou a contaminação por metanol.
No caso de Matheus, equipes da Polícia Civil, Procon e Vigilância Sanitária recolheram amostras de bebidas na residência do jovem e em bares da região, que serão submetidas à perícia. O rapaz deu entrada em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) com falta de ar, vômito e perda de consciência, mas não resistiu.
Antídotos e reforço hospitalar
Com o avanço dos casos em todo o país, o Ministério da Saúde anunciou o envio de 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol, medicamentos utilizados como antídotos contra intoxicação por metanol.
A distribuição começou neste fim de semana e inclui Mato Grosso do Sul entre os estados prioritários, ao lado de Bahia, Pernambuco, Paraná e Distrito Federal. Os antídotos são aplicados ainda sob suspeita de intoxicação, mas devem ser administrados apenas com prescrição e monitoramento médico.
Fiscalização reforçada
A morte de Matheus levou o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) a cobrar ações imediatas de prevenção e controle. Em recomendação publicada nesta semana, o órgão determinou que a Abrasel/MS (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e a Amas (Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados) orientem seus associados a adotar protocolos rigorosos de checagem das bebidas.
O documento, assinado pelo promotor Luiz Eduardo Lemos de Almeida, alerta que bares, supermercados e distribuidores respondem solidariamente por eventuais danos causados por produtos adulterados ou impróprios para consumo. As entidades têm dez dias úteis para responder à recomendação.
Entre as medidas exigidas estão:
- compra apenas de fornecedores com CNPJ ativo e nota fiscal válida;
- verificação de rótulos, selos e lotes das bebidas;
- isolamento imediato de produtos suspeitos, preservando amostras para análise.
O caso segue sob investigação pela Polícia Civil e autoridades sanitárias do Estado.