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quinta-feira, 28 de março, 2024
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Uma vida de trabalho rendeu a Marizete a realização do seu maior sonho

Marizete Pereira da Silva era professora concursada do Estado no pequeno município de Eldorado e levava a exigente vida de quem trabalha com educação desde jovem. Em contrapartida, via sua irmã, concursada do Poder Judiciário em um cargo de ensino fundamental, recebendo um salário mais digno e com menos responsabilidades sociais. Diante disso, ela não pensou duas vezes. Prestou o concurso para escrevente e ingressou no TJMS aos 29 anos.

Era 1992 e Marizete mudou-se com o marido e os filhos para a comarca de Sete Quedas, onde trabalhou no Cartório Extrajudicial de Registro de Imóveis. Poucos anos depois, surgiu uma vaga no Fórum de Coxim e a servidora pediu transferência sem pestanejar, pois ficaria mais próxima dos pais que, naquela época, moravam em Cuiabá.

“Coxim foi uma época muito boa na minha vida. Fiz muitas amizades que mantenho até hoje. Naquele tempo, tínhamos um sindicato muito ativo que estava buscando meios para conseguir um espaço de lazer para os servidores. Trabalhávamos bastante organizando festas e eventos para arrecadar dinheiro. Era bem puxado. Íamos até tarde trabalhando, mas conseguimos comprar nossa chácara. Foi muito gratificante”, conta Marizete com nostalgia.

Ao todo foram 10 anos na cidade em que quase criou raízes. Contudo, por questões profissionais do seu esposo, Marizete precisou mudar-se para a Capital. Ela então pediu novamente transferência e foi trabalhar no Fórum de Campo Grande. A servidora, porém, ficou pouco tempo ali, pois logo foi chamada para trabalhar no Juizado Especial quando houve a centralização.

“Também foi uma época que me marcou bastante. Eu trabalhava no atendimento e via muitas pessoas chegando com vários problemas que, às vezes, a gente não conseguia resolver com o aparato da justiça. Então, eu resolvia ajudar as pessoas fora do meu trabalho. Inclusive tem um menino que conheci naquela época que tem esquizofrenia e eu acompanho até hoje, ajudando sua mãe sempre que possível. Já cheguei a sair de madrugada para atendê-los, quando ele estava em crise”.

Mais 10 anos se passaram e em 2014, faltando cerca de um ano para se aposentar, Marizete decidiu mudar-se novamente. Dessa vez, em busca de um grande sonho. “Eu e meu esposo sempre tivemos o desejo de comprar uma chácara perto da cidade, para termos um lugar gostoso para passarmos a velhice. Nós começamos a procurar esse lugar, onde teríamos o sossego da natureza, mas ao mesmo tempo a proximidade com a cidade. E encontramos esse lugar em Rio Verde”.

A servidora então foi transferida para sua nova comarca para trabalhar como oficial de justiça. Os projetos para a chácara em que passou a morar, no entanto, eram muitos e Marizete decidiu continuar trabalhando, mesmo com direito a se aposentar, a fim de ganhar o abono de permanência e, assim, poder investi-lo em sua casa na natureza exuberante de Rio Verde.

“Eu teria continuado por mais tempo, mas veio a pandemia. O Fórum fechou, mas os mandados davam cria!”, diz entre risadas. “Eu continuei trabalhando, mas logo vieram as notícias de oficiais de justiça sofrendo com a covid. Eu fiquei com medo e resolvi pedir minha aposentadoria. Me aposentei em setembro de 2020”.

Depois de uma vida de trabalho, Marizete conta que sentiu um baque no início. Hoje, porém, com quase dois anos aposentada, ela diz que já gostou da ideia e se adaptou à nova vida. “Na verdade, ainda temos muito trabalho na chácara. Terminamos faz pouco uma casinha na árvore para os netos. Queremos que a chácara seja um local onde possamos ter tudo o que precisamos. Quero comer um peixe? Vou no tanque e pesco um. Quero um ovo? Vou no galinheiro e pego um. Quero tomar leite? Tenho uma vaquinha que produz. E por aí vai!”.

Fonte: Ascom TJ-MS

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