Publicado em 27/12/2017 17h15
Dias antes de acidente em açude em MS, mãe diz que menino pediu para família doar órgãos dele
Na ocasião, menino teria pedido para acrescentar, em sua identidade, a vontade de ajudar ao próximo.
G1/MS
Uma semana antes de acidente com Hiago Ryan Cardozo Aguirre, de 9 anos, que permanece em estado gravíssimo na Santa Casa, em Campo Grande, a mãe dele, Ana Paula Cardozo, de 33 anos, disse que a família conversou sobre doação de órgãos. Na ocasião, o menino teria pedido para acrescentar, em sua identidade, a vontade de ajudar ao próximo.
“Estava passando na televisão uma reportagem sobre doação de órgãos. A partir de então, começou uma conversa em família, entre eu e os meus filhos. Lembro que comentei que morreria bem velhinha, aos 98 anos, então não seria necessário doar os meus órgãos. O Hiago falou que era pra fazer a identidade dele e comentar que ele doaria tudo, que gostaria sim de doar os seus órgãos”, afirmou ao G1 a mãe do menino, Ana Paula Cardozo, de 33 anos.
Nesta manhã, a mãe permaneceu ao lado do menino, no Centro de Terapia Intensiva (CTI). O pai também ficou no hospital, aguardando informações médicas. Segundo a assessoria de imprensa da Santa Casa, a criança não responde mais aos reflexos cerebrais. No entanto, a morte encefálica não pode ser decretada enquanto todos os exames clínicos e físicos não forem realizados.
“Tenho esperança. Deus é grande e sem a minha fé não sou nada. Deus sabe o que faz com a vida da gente. Ainda tenho esperança de ver meu filho bem e respirando”, disse a mãe. Segundo a cozinheira, o garoto morava com o pai desde a separação do casal em 2011. A criança estava com ela ontem por causa do Natal.
“Eu fui pegar manga e pedi para o Hiago não sair de casa, mas ele foi até esse local tomar banho e me disseram que as crianças até pescavam lá. O mato é até alto, parece que é raso, mas o açude tem mais de 3 metros, é profundo”, disse Ana Paula.
Entenda o caso
O menino estava com outras duas crianças, quando entrou e se afogou em um açude no bairro Moreninha 4, em Campo Grande. Moradores disseram ouviram pedidos de socorro, dizendo que a criança estava submersa havia 20 minutos. A mãe disse que recebeu informações de que o filho teria batido a cabeça em um muro e enroscado o pé no galho.
“Uma pessoa viu ele se afogando, descendo e subindo. Logo em seguida um senhor pulou na água e o tirou de lá. Quando os bombeiros chegaram lá ele soltou muita água e começaram a fazer a massagem cardíaca”, contou.
Ana Paula ainda disse que na porta da Santa Casa, para onde foi encaminhado, a médica do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) informou que a criança estava com a pulsação fraca e respirava por aparelhos. Durante a noite, um médico que atendeu ele disse que precisava de apenas dois exames para constatar a morte cerebral.
O menino ficou sedado e entubado até a noite e, por volta das 22h30 (de MS), foi retirada a sedação. Hiago permaneceu inconsciente desde então. O medicamento da sedação ainda tem um período de efeito, mas a família foi informada que a criança está em coma espontâneo.
O pais informaram ao hospital que o menino já teve um problema neurológico antes, mas passou por tratamento e recebeu alta. Agora, passou por exames novamente e foi constatado um pequeno hematoma na cabeça, além do pulmão, que estaria muito lesionado.
