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Funcionários são presos por impedir entrada de ambulância na Santa Casa

Publicado em 06/08/2017 08h40

Funcionários são presos por impedir entrada de ambulância na Santa Casa

Paciente com dedo amputado e fraturas diversas teve piora enquanto aguardava do lado de fora, dizem bombeiros. Hospital alega superlotação e restringe acesso de ambulâncias.

G1 MS

Dois funcionários da Santa Casa de Campo Grande foram presos por omissão de socorro e desobediência ao impedirem a entrada de uma ambulância com paciente na noite de sábado (5).

A vítima considerada grave só foi socorrida pela equipe médica do hospital depois que os bombeiros forçaram a entrada na unidade de saúde, contrariando os dois porteiros.

O hospital está com portões fechados e colocou uma faixa informando a superlotação na quarta-feira (2), mesmo dia em que suspendeu o agendamento de cirurgias eletivas.

A confusão entre funcionários e socorristas aconteceu por volta das 21h. Segundo o boletim de ocorrência, militares do Corpo de Bombeiros informaram que o paciente de 31 anos, vítima de fratura exposta na tíbia e fíbula, amputação de dedo do pé, trauma de tórax, teve piora no quadro de saúde enquanto esperava atendimento médico do lado de fora do hospital.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do hospital, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Os socorristas disseram à polícia que tinham determinação da Central de Regulação de Vagas para entrar com o paciente considerado grave, mas, o porteiro de 36 anos, responsável por liberar a entrada de ambulâncias, não autorizou a entrada, alegando não ter conhecimento da senha informada.

Segundo os militares, a ambulância com o paciente ficou para fora do hospital durante cerca de 20 minutos enquanto o funcionário checava a senha de regulação e o estado de saúde do paciente se agravou nesse período.

Consta no registro policial que os militares comunicaram o fato ao Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) e receberam ordens para entrarem no hospital, mas o porteiro da unidade continuava alegando que não havia regulação para o paciente ser atendido e foi preso por omissão de socorro e desobediência.

Em seguida, outro porteiro chegou ao local e reafirmou que não tinha conhecimento da senha de regulação informada pelos socorristas. Nesse momento, os militares forçaram o portão, entraram com a ambulância no hospital e a vítima foi socorrida pela equipe médica da Santa Casa.

A delegada Priscilla Anuda Quarti, que atendeu a ocorrência, disse que os funcionários foram presos e conduzidos para a delegacia, onde assinaram Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foram liberados.

Ela também informou que foi feita perícia na ambulância e na portaria do hospital para verificar se houve dano ao forçar a entrada, mas, a princípio, a cancela teria sido forçada pelos militares com as mãos, sem provocar danos.

Na delegacia, os funcionários alegaram que negaram a entrada da ambulância por ordens da direção da
Santa Casa. Na quarta-feria (2), o hospital colocou uma faixa no portão de acesso das viaturas informando superlotação e passou a restringir o acesso de viaturas ao local. As faixas foram providenciadas pelo setor de comunicação do hospital a pedido da Assistência Social.

O hospital alega que está trabalhando acima da capacidade de atendimento. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), após o fechamento dos portões, oito pacientes foram levados ao hospital na condição de vaga zero, quando a unidade de saúde não pode recusar o atendimento.

Os bombeiros afirmaram ainda que constaram a existência de dois leitos vazios no hospital. O caso foi registrado na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) do Centro como omissão de socorro e desobediência.

Faixa colocada no portão das ambulâncias da Santa Casa de Campo Grande

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