“Eu sempre estive presa em alguma coisa, seja em um relacionamento abusivo, no vício das drogas, na prisão mesmo que me impediu de ir e vir; mas decidi mudar a minha história e abraçar as oportunidades”. Essa foi uma escolha que Solange de Souza Duarte Lima decidiu fazer durante seu cumprimento de pena em unidades da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).
O apoio recebido dos policiais penais, bem como, os incentivos ao estudo, trabalho e profissionalização foram fundamentais para a mudança de comportamento e mentalidade.
“Apesar de momentos de indisciplina, muitos não desacreditaram de mim, eu recebia palavras de esperança e incentivo que contribuíram para a minha reviravolta; aliados à Deus, tudo isso foi a chave que eu precisava virar na minha vida”, revela a ex-interna.
Quem acompanhou de perto a trajetória dos seis anos de cumprimento de pena de Solange foi a policial penal Cleide Santos do Nascimento Freitas, atual diretora do presídio feminino de regime semiaberto e aberto da capital.
“Falar dela é algo fácil, mas ao mesmo tempo complexo, apesar de todas as dificuldades vividas tanto no cárcere quanto fora dele, ela quis mudar, ela mudou! Aquela mulher destruída deu lugar a uma guerreira incansável, dona de sua vida. Solange provou-me que é uma pessoa forte, decidida, um exemplo de superação”, destaca a policial penal.
Era na assistência religiosa dentro dos presídios que Solange também encontrava seu grande refúgio. “O que me ajudava muito lá dentro também, tanto no regime fechado como no semiaberto, eram os louvores. Eu me sentia muito angustiada e percebia que as outras internas também, elas necessitavam disso, de louvar e ouvir a palavra de Deus. Era um dia de bênção, a gente entrava para a cela muito melhor, mais leve”, relembra.
De uma menina doce, alegre e brincalhona a uma criminosa, Solange era conhecida como ‘Katita da Barão’, e foi condenada por tráfico de drogas, roubo e falsidade ideológica. Há 12 anos longe das grades, ela transforma agora toda a sua experiência de vida em um livro, chamado “Livre Estou – Jesus mudou a minha sentença”.
“Escrevo ele há exatamente oito anos e sem o apoio que recebi de policiais penais isso não seria possível. O objetivo do livro é mostrar às pessoas que também há esperança para elas, se teve salvação para mim, pode ter para todos, basta querer ser liberto e transformado”.
De acordo com Cleide, a ex-interna a procurou, após algum tempo do término de cumprimento de sua pena, buscando ajuda para a realização do seu sonho que era de escrever um livro sobre sua história de vida.
“O fato de ter recebido um tratamento humanizado durante o cumprimento de sua pena a fez crer que poderíamos ajudá-la, como de fato ocorreu. Organizamos uma força tarefa para a digitação das anotações de Solange, escritas em vários cadernos de brochura”, conta a servidora.
O trabalho voluntário e realizado nas horas vagas foi coordenado pela policial penal Phamella Rita Gimenez, que ajudou na correção de parte do material, e contou com o apoio de reeducandas do regime semiaberto dispostas a cooperar.
Para a servidora da Agepen, o tratamento de pena humanizado possibilita a cura não só de uma pessoa e sim de toda a sociedade. “Acredito que nós como profissionais temos uma missão importante de recuperar vidas, vidas que serão parte dessa sociedade que nós vivemos, que nossa família vive e que preparamos para nossos filhos”, ressalta Phamella.
Atualmente, Solange e o esposo Diego Lima, que também é ex-detento, atuam como agentes religiosos dentro das unidades penais da capital, levando palavras de esperança e renovo para quem está cumprindo pena, através de suas próprias experiências de vida.
Mãe de nove filhos, Solange conta que os planos daqui para frente é somente viver bem com a família, conseguindo recuperar o máximo que puder da vida ao lado dos filhos. “Ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas é deixar de ser prisioneiro do seu passado e deixar Deus ser o autor da sua história”, finaliza.
O livro está em fase de publicação, quem tiver interesse entre em contato pelo telefone (67) 98415-8993.
