O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta segunda-feira (12), em Pequim, do Fórum Empresarial Brasil-China, encontro que reúne cerca de 200 empresários brasileiros e 200 executivos chineses. O evento ocorre em um contexto de crescente tensão comercial entre China e Estados Unidos, impulsionada pelas tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump, e é visto como uma oportunidade estratégica para o fortalecimento das relações econômicas entre Brasil e China.
Organizado pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), em parceria com os ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o fórum tem como objetivo ampliar parcerias e estimular o comércio bilateral. A expectativa é de que a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, também participe do encontro.
Entre os produtos com maior potencial de exportação para o mercado chinês, segundo o governo brasileiro, estão proteína animal, café e itens de maior valor agregado, como alimentos industrializados e bioenergia. Levantamento da ApexBrasil destaca mais de 400 oportunidades para exportações brasileiras à China, incluindo cobre, carne bovina e suína, trigo, açúcar, petróleo, celulose, aço, medicamentos e maquinário.
A China consolidou-se como principal parceiro comercial do Brasil em 2024. O país asiático foi o destino de 28% de todas as exportações brasileiras no último ano, respondendo por 41,4% do superávit comercial do Brasil. Atualmente, é também o maior comprador global de produtos como carne bovina, carne de aves, soja, celulose e açúcar brasileiros. Além disso, é o principal investidor asiático no Brasil e ocupa a nona posição entre os maiores investidores no país.
A visita faz parte de uma agenda mais ampla da comitiva presidencial, que inclui ministros, parlamentares e governadores. Na terça-feira (13), Lula participa da 4ª reunião ministerial do Fórum China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e tem encontros bilaterais com o presidente chinês, Xi Jinping, e outras autoridades. Está prevista também a assinatura de novos acordos e parcerias comerciais.
Essa é a segunda visita oficial de Lula à China neste terceiro mandato. A primeira ocorreu em abril de 2023, e foi retribuída por Xi Jinping em novembro do mesmo ano, após a Cúpula do G20, realizada no Brasil. Os dois líderes também se reuniram na Cúpula do Brics, na África do Sul.
O fortalecimento dos laços com a China ganha ainda mais relevância diante do novo tarifaço imposto pelos EUA. Em janeiro, Trump determinou a elevação das tarifas para importações chinesas em até 145%, acirrando a guerra comercial com Pequim. Em declaração recente, o republicano afirmou que não pretende rever a medida. Lula, por sua vez, criticou a política tarifária norte-americana em visita à Rússia: “A taxação de comércio com todos os países do mundo, de forma unilateral, joga por terra a grande ideia do livre comércio, o multilateralismo e, muitas vezes, o respeito à soberania dos países que nós temos que ter”.
O Brasil aposta no fortalecimento das relações Sul-Sul e na diversificação de parceiros como estratégia para enfrentar os efeitos da instabilidade econômica global. O fórum empresarial em Pequim se insere nesse esforço diplomático e comercial de reposicionamento internacional.