Desde criança, Marlon Lorenzoni carrega uma paixão que não cabe no peito: o amor pelo campo. Mesmo tendo escolhido outra formação na juventude, nunca deixou de sonhar em viver junto ao gado e ao cheiro de capim molhado. E foi esse amor que o Senar/MS ajudou a manter vivo. Por meio da Assistência Técnica e Gerencial em Bovinocultura de Corte, a instituição chegou até ele levando conhecimento, tecnologia e gestão, mostrando que havia um caminho para permanecer na vida que sempre quis, mesmo quando tudo parecia perdido.
“Talvez eu poderia até ter uma luz no fim do túnel sem o Senar, mas não sei se conseguiria. De repente, o eucalipto já teria tomado conta de tudo aqui que construí. Mas, com toda certeza, o Senar foi o pontapé inicial para eu conseguir reerguer a propriedade. Sem ele, eu ia dar muito murro em ponta de faca”, comenta Lorenzoni.
Marlon tem um jeito todo especial de tratar seu rebanho, que para ele não são apenas bois e vacas, mas “meus meninos” e “minhas meninas”. “Eles são o lucro da fazenda, o coração do negócio. Se eu pudesse, faria um banquete para eles todos os dias”, conta, mostrando que o amor pelo campo passa também pelo cuidado e respeito com os animais.
Essa é a história do Transformando Vidas de hoje, confira:
Na infância, cada final de semana e férias eram passados na fazenda do avô, em Camapuã. Mas quando cresceu, escolheu outro rumo profissional e se formou em Engenharia Elétrica, trabalhando no setor de telefonia. Até que um dia, a empresa decidiu transferi-lo para Rondônia ou Belém do Pará. Foi quando o coração falou mais alto. Pediu demissão e decidiu viver de vez no campo, investindo no gado leiteiro.
Por um tempo, tudo parecia bem. Modernizou a fazenda, comprou vacas, montou estrutura. Mas veio o baque: a empresa que comprava o leite anunciou que, em 30 dias, não recolheria mais na região. Ele teve que vender vacas, equipamentos, sonhos. “No leite eu não mexo mais”, decidiu. O golpe foi tão grande que ele pensou em desistir de tudo. Mas o amor pelo campo falou mais alto mais uma vez. Resolveu investir na pecuária de corte.
Porém, após o prejuízo no leite, a situação era difícil. Ele tinha terra, mas não tinha dinheiro. A propriedade estava cheia de pasto sujo, com pouca mão de obra, e o gado de corte seguia aos trancos e barrancos. Com coragem, foi cercando, limpando, praticamente recomeçando do zero, sempre empurrado pelo amor que sentia pelos animais e pela terra.
Em meados de 2021 e 2022 veio o pior golpe. Uma geada forte queimou o pouco pasto tratado que restava. Desanimado, Marlon chegou a pensar em vender tudo. Foi então que o Senar/MS chegou apresentando uma nova alternativa: o pasto rotacionado. “No começo, eu fiquei desconfiado, porque era um investimento alto e eu já estava no limite. Mas confiei no técnico do Senar/MS, que me trouxe soluções reais, mostrou exemplos de outros produtores. Não chegou no escuro”, explica Marlon.
Ele implantou o primeiro rotacionado em 11 hectares e logo viu o resultado: as novilhas engordaram rápido, o pasto sobrava, o rebanho crescia. O sucesso foi tanto que, pouco tempo depois, ele implantou um segundo rotacionado, de 38 hectares, e agora já planeja o terceiro.
Em um evento do Senar/MS durante a seca, Marlon nunca esqueceu: “Todo mundo dizia que estava sem pasto. Só eu levantei a mão e falei que tinha. O rotacionado salvou a fazenda”, relembra o pecuarista.
Além do manejo, o Senar/MS trouxe algo que Marlon nunca imaginou que faria tanta diferença: a gestão. Hoje, controla tudo em planilhas, dos gastos ao lucro por hectare. “Antes, eu cuidava do gado, mas não sabia quanto rendia. Agora eu sei o que ganho, o que gasto e onde preciso melhorar”, explica.
Além do suporte técnico, Marlon destaca o lado humano que encontrou no Senar/MS. “A técnica de campo acaba virando nossa psicóloga. A gente reclama, desanima, conta tudo pra ela, e ela vem com aquele puxão de orelha na hora certa, aquela conversa que a gente precisava ouvir para continuar.” Esse acolhimento e motivação foram fundamentais para que ele seguisse firme mesmo diante das dificuldades.
E ele não está sozinho nesse sonho. O filho, Marlon Júnior, seguiu seus passos, se formou em Veterinária e hoje é inseminador oficial da fazenda. A filha caçula também cursa Medicina Veterinária. A sucessão familiar está garantida, movida pelo mesmo amor que veio do pai, do avô e que agora cresce com eles.
“Quando você acha que tudo acabou, o Senar/MS chega e te mostra que o campo ainda tem muitos frutos pra dar”, finaliza.