O esporte paralímpico brasileiro viveu um domingo (5) histórico em Nova Déli, Índia. Pela primeira vez, o país encerrou o Campeonato Mundial de Atletismo no topo do quadro de medalhas, com 44 pódios no total: 15 ouros, 20 pratas e nove bronzes, superando a China, segunda colocada com 13 ouros.
Esse feito é notável: apenas uma vez na história a China não ficou no topo do Mundial, em Lyon, França, há 12 anos, quando a Rússia liderou a competição. Nas últimas três edições, o Brasil havia ficado em segundo lugar, mesmo com desempenho consistente. Em Dubai (2017), foram 39 medalhas e 14 ouros, em Paris (2023), 47 pódios e 14 ouros, e em Kobe (2024), 42 medalhas com 19 ouros, ainda atrás da China.
Destaques do domingo
O dia começou dourado para o Brasil com Zileide Cassiano, que venceu o salto em distância da classe T20 (deficiência intelectual), repetindo o ouro do Mundial de Kobe e superando a polonesa Karolina Kucharczyk, que ficou com o bronze.
O segundo ouro veio com Jerusa Geber, nos 200 metros da classe T11 (cego total). Com a vitória, Jerusa conquistou a 13ª medalha em Mundiais, tornando-se a brasileira mais laureada da história do atletismo paralímpico, superando Terezinha Guilhermina. Na mesma prova, Thalita Simplício ficou com o bronze.
“Dois objetivos concluídos com sucesso: o tetra nos 100 metros e sair daqui como a atleta com maior número de medalhas em Mundiais. Cheguei e estou saindo sem dor, sem lesão. Quero o penta, depois o hexa, quero tudo. Até onde aguentar, quero ir”, afirmou Jerusa, de 43 anos.
Outro momento marcante foi nos 200 metros da classe T2 (baixa visão). A estreante Clara Daniele inicialmente ficou com a prata, mas após protesto do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) contra a venezuelana Alejandra Lopez, que teria recebido auxílio ilegal do atleta-guia, herdou o ouro, terceiro pódio brasileiro do dia.
Outras conquistas
No arremesso de peso da classe F42/F63 (deficiência em membros inferiores), Edenilson Floriani garantiu o bronze e quebrou seu próprio recorde das Américas. Nos 200 metros da classe T47 (amputação em um dos braços), Maria Clara Augusto ficou com a prata, conquistando o terceiro pódio pessoal no Mundial.
Além disso, Thiago Paulino teve confirmada a medalha de prata no arremesso de peso da classe F57 após protesto do CPB, mantendo o resultado apesar da contestação de um adversário finlandês.
O Brasil encerra o Mundial de Nova Déli com uma campanha histórica, mostrando o crescimento e a força do atletismo paralímpico nacional, e consolidando o país como referência internacional na modalidade.




















