O Ministério da Saúde investiga quatro casos suspeitos de intoxicação por metanol em Mato Grosso do Sul — dois em Campo Grande, um em Ladário e outro em Rio Brilhante. Outras cinco notificações foram descartadas, conforme boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira (8). Duas mortes suspeitas foram registradas na capital; uma delas já foi descartada, enquanto a segunda, ocorrida no Hospital Regional de Campo Grande, segue sob investigação.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), o caso em apuração envolve um paciente que morreu na segunda-feira (6). Já a morte de Matheus Santana Falcão, de 21 anos, registrada na última quinta-feira (2), não teve relação com metanol, segundo laudo preliminar. Exames complementares ainda são realizados para identificar outras substâncias no organismo.
Após o óbito, equipes da Vigilância Sanitária, Polícia Civil e da própria SES recolheram amostras de bebidas de uma loja de conveniência onde o jovem havia comprado os produtos. O dono do estabelecimento afirmou ter comprovação da origem das bebidas.
Casos no país
Em todo o Brasil, o Ministério da Saúde contabiliza 24 casos confirmados de intoxicação por bebidas adulteradas com metanol e outros 235 em investigação. O estado de São Paulo concentra a maior parte das ocorrências (181), seguido por Pernambuco (24), Paraná (5), Rio de Janeiro (5), Rio Grande do Sul (4), Mato Grosso do Sul (4), Piauí (4), Espírito Santo (3), Goiás (2), Acre (1), Paraíba (1) e Rondônia (1).
Até o momento, cinco mortes foram confirmadas, todas em São Paulo. A próxima atualização das notificações nacionais será divulgada na sexta-feira (10).
Governo reforça estoque de antídoto
Nesta quinta-feira (9), o Ministério da Saúde recebe um novo lote do antídoto fomepizol, usado no tratamento de intoxicações por metanol. O reforço faz parte de um estoque estratégico do SUS e inclui 2,5 mil ampolas adquiridas via Fundo Estratégico da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) — a primeira compra do tipo realizada no Brasil.
A cerimônia de entrega contará com a participação da secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão, do diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle, e da representante da OPAS, Ileana Fleitas.
Riscos e sintomas
O metanol é um tipo de álcool altamente tóxico utilizado por falsificadores para baratear a produção de bebidas destiladas. Mesmo pequenas quantidades podem causar cegueira, coma e morte. Os principais sintomas de intoxicação incluem náuseas, vômitos, dor de cabeça, visão turva, confusão mental e dificuldade para respirar.
A dose letal estimada é de 30 a 40 mililitros. O metanol, após ingerido, é metabolizado no fígado e pode provocar acidose metabólica grave e danos neurológicos irreversíveis.
O que fazer em caso de suspeita
Quem apresentar sintomas deve procurar atendimento médico imediato e não deve induzir vômito nem ingerir água ou leite. É recomendado manter o paciente sentado ou deitado de lado e guardar amostra da bebida ingerida para análise laboratorial.
Casos suspeitos podem ser comunicados ao Disque-Intoxicação da Anvisa (0800 722 6001) ou aos centros regionais:
- CIATox Campo Grande: plantão 24h pelo telefone (67) 98179-1369 (WhatsApp ou ligação)
- CIEVS-MS: (67) 98477-3435 (plantão 24h)