Dia da Internet: os desafios da hiperconexão em momento de pandemia

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Data comemora a aproximação do mundo através da tecnologia

17/05/2020 10h16
Por: Luiz Cláudio Ferreira/EBC

“Com quantos gigabytes se faz uma jangada. Um barco que veleje. Que veleje nesse informar”. Os versos de Gilberto Gil, no ano de 1996, tratavam da admiração e estupefação do poeta diante de uma das grandes novidades do século 20. Graças à internet que, mesmo em isolamento social durante a pandemia, todos aqueles que têm acesso podem, em 2020, navegar, trabalhar, estudar, olhar, viver o mundo sem sair de casa.

Neste domingo (17) é celebrado o Dia Mundial da Sociedade da Informação, conhecido como Dia da Internet, há cinco anos, graças a uma deliberação da Organização das Nações Unidas (ONU) para recordar a importância do compartilhamento de ideias e informações como ferramenta em prol da democracia e cidadania. Uma forma de sensibilizar e fazer gestões para diminuir a exclusão digital. Celebrar o 17 de maio tem origem em 1865 (há 155 anos) com o Dia Internacional das Telecomunicações, quando 20 países reconheceram o crescimento da importância do telégrafo para o mundo.

Desperta o melhor

Aquele planeta em que tudo era distante se transformou. Sabemos em instantes o que ocorre na Ásia, como se ocorresse na esquina de casa. Os cientistas que lutam contra a pandemia em 2020 veem-se em uma aldeia global e que podem compartilhar saberes aceleradamente. Nesse momento, atendimentos (inclusive os médicos) são feitos de forma virtual também.

Hora de (re)aprender

Nesses dias de quarentena, a internet, além de possibilitar o trabalho a distância, tem garantido que as pessoas continuem estudando. Para especialistas, o ensino neste formato virtual é um desafio para professores e alunos. Trata-se de uma reinvenção.

Segundo brasileiros estudiosos da educação, a escola não será mais a mesma também depois da pandemia. Além do temor que o momento de crise propicia, eles veem que o distanciamento social pode gerar revisões sobre o que significa aprender.

Território com lei

A internet não é para ser uma “terra sem lei”. Há seis anos, quando a lei foi assinada, e depois, em 2016, quando foi regulamentada, o Brasil dispõe de arcabouço para tratar do tema, ainda que não exista consensos legais em relação a alguns itens. Mas a garantia das liberdades civis é ponto alto da legislação.

Desafio de acesso

A inclusão digital da população brasileira ainda é um desafio no país, conforme aponta reportagem da Radioagência Nacional. Em 2018, de acordo com o IBGE, 74,7% das pessoas já acessavam a internet, um avanço considerável com relação aos quase 70% alcançados em 2017.

Mas isso também significa que quase 25% da nossa população ainda não utilizava a rede, tão essencial para obter informações e realizar de forma facilitada uma série de serviços, tanto nas áreas urbanas como nas áreas rurais.

Internet em tudo…

Pouco antes da quarentena por causa da pandemia, o governo federal havia lançado a Câmara Saúde 4.0, instância dedicada a propor formas de promover a digitalização da saúde no país. Entre as intenções do Executivo estava a integração de dados dos cidadãos que utilizam esses serviços, não somente no Sistema Único de Saúde (SUS), como na iniciativa privada. A iniciativa faz parte do Plano Nacional de Internet das Coisas (IdC). O termo é empregado para designar o ecossistema de dispositivos conectados que se comunicam, não apenas computadores e smartphones, mas também sensores e eletrodomésticos inteligentes e até veículos. Grupos semelhantes já foram criados para as áreas de agricultura, indústria e cidades.

A hiperconexão é ferramenta de desenvolvimento e pode ser importante para recuperação econômica, conforme avaliação de especialistas. A digitalização de indústrias e serviços, por exemplo, pode ter um grande impacto em diversos setores da economia em todo o mundo. Segundo estudo da empresa de dispositivos móveis Ericsson, até 2030, essas tecnologias podem aportar até US$ 3,8 trilhões (R$ 15,86 trilhões) à economia global.

Marcello Casal JrAgência Brasil