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sexta-feira, 3 de maio, 2024
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Após um ano em 13,75%, taxa de juros deve começar a cair nesta semana

Mercado prevê o início do ciclo de flexibilização, um ano após finalizar o aperto monetário mais longo de sua história

O Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), se reúne nesta terça (1º) e quarta-feira (2) para definir a nova taxa básica de juros. Com a Selic a 13,75% ao ano desde agosto de 2022, todas as expectativas são de que o encontro termine com o início do ciclo de corte.

Será a primeira vez que Gabriel Galípolo, novo diretor de Política Monetária do BC, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participará da decisão, ao lado do presidente da instituição, Roberto Campos Neto.

Com o primeiro corte em um ano já precificado pelo mercado financeiro, o governo agora pressiona para que a taxa Selic seja reduzida em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano, não em apenas 0,25 ponto percentual, como estima uma parte dos analistas.

A prévia da inflação, divulgada na última terça-feira (25), perdeu força e recuou 0,07%, acumulando alta de 3,19% nos últimos 12 meses, resultado abaixo do centro da meta preestabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto (de 1,75% para 4,75%).

Ao manter os juros elevados, o BC faz uso de seu principal instrumento de política monetária para reduzir a inflação. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.

Após um ano em 13,75%, taxa de juros deve começar a cair nesta semana

A expectativa para a taxa Selic no fim deste ano no Boletim Focus é de 12%. Há um mês, a estimativa era de 12,25%. 

Na ata do Copom de junho, o BC afiançou que a maioria do colegiado já vê condições para uma queda de juros na próxima reunião, em agosto, se o processo desinflacionário e de reancoragem de expectativas continuar.

Em entrevista coletiva após o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, Roberto Campos Neto disse que o comunicado, na avaliação do colegiado, já tinha deixado essa “porta aberta”, apesar de o texto não ter trazido sinalização clara sobre o assunto.

Bancos

Para o Itaú Unibanco, o primeiro movimento de corte de juros deverá ter magnitude mais contida, com redução de 0,25 ponto percentual, levando a taxa Selic de 13,75% para 13,50% ao ano.

“Dada a dinâmica de núcleos e expectativas de inflação ainda acima da meta e a resiliência da atividade econômica e o mercado de trabalho apertado, apesar de a curva de juros de mercado já contemplar a possibilidade de um movimento mais intenso (isto é, corte de 0,50) — pois cabe ao BC guiar o mercado, e não vice-versa”, afirmou o banco em boletim.

O C6 Bank também estima que o Copom vai iniciar um ciclo de corte de juros mais contido. “Após um ano de juros estáveis em 13,75%, esperamos queda de 25 pontos base, com a taxa Selic indo para 13,5% ao ano. Em relação à comunicação, o Comitê deve afirmar que vê como adequado o início de um ciclo de corte de juros e que o ritmo de queda da Selic dependerá do cenário prospectivo para a inflação, que inclui as expectativas de inflação, assim como a dinâmica inflacionária corrente”, afirma o banco.

O Bradesco e o Santander também esperam um corte de 0,25 ponto.

Já a expectativa da agência classificadora de risco Austin Rating é de uma redução de 0,50 ponto percentual, levando a taxa para 13,25% ao ano.

A Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento) também elevou a projeção de corte para 0,50 ponto. “A deflação de 0,07% do IPCA 15, sendo de 3,19% em 12 meses contra 3,40% na medição anterior, mantém trajetória descendente da inflação”, afirma o economista-chefe da entidade, Nicola Tingas.

Histórico

Iniciada em março de 2021, a escalada da taxa Selic até o maior patamar desde o fim de 2016 teve o objetivo de conter o avanço da inflação. No período, 12 altas seguidas resultaram na elevação dos juros básicos de 2% para 13,75% ao ano, nível atingido em agosto de 2022 e mantido até agora.

O último recuo da Selic ocorreu em agosto de 2020, quando a taxa passou de 2,25% para 2% ao ano, o menor patamar da história. O nível persistiu até março de 2021, quando a alta da inflação resultou em 12 altas consecutivas dos juros básicos até o atual patamar, o maior nível dos últimos seis anos.

Entenda a Selic

A taxa básica é a mais baixa da economia e funciona como piso para os demais juros cobrados no mercado. Ela é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.

Em linhas gerais, a Selic é a taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo a empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram em contratos de crédito são sempre superiores à Selic.

A taxa básica também é o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.

Fonte: R7

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