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sexta-feira, 3 de maio, 2024
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Banco Central começa nesta terça a decidir nova taxa de juros

Mercado financeiro aposta na estabilidade da Selic neste encontro e prevê sequência de quatro quedas seguidas no segundo semestre

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia nesta terça-feira (20), a quarta reunião do ano para decidir a nova taxa básica de juros (Selic) da economia. A decisão será anunciada nesta quarta, ao final do segundo dia de reunião.

Com a taxa básica de juros em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado, todas as expectativas indicam que o encontro vai terminar com a primeira sinalização de corte da Selic.

Conforme as previsões, a taxa Selic ainda seguirá inalterada, mas o comunicado emitido após o encontro indicará para uma leve queda dos juros no mês de agosto. Há uma semana, a aposta era de que o corte só ocorreria em setembro.

O último recuo da Selic ocorreu em agosto de 2020, quando a taxa passou de 2,25% ao ano para 2% ao ano, o menor patamar da história. O nível persistiu até março de 2021, quando a alta da inflação resultou em 12 altas consecutivas dos juros básicos até o atual patamar, o maior nível dos últimos seis anos.

Após a primeira baixa, os analistas preveem que haverá novos recuos nos meses de setembro (0,25 p.p.), novembro (0,5 p.p.) e dezembro (0,5 p.p.), movimento que, se confirmado, levará a Selic para 12,25% ao ano na entrada de 2024.

A reunião

Nesta terça, o presidente do BC, Roberto Oliveira Campos, e os oito diretores da autoridade monetária realizam apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas da economia e o comportamento do mercado financeiro.

Amanhã (22), o Copom (Comitê de Política Monetária) projeta as possibilidades futuras e define a nova Selic. A decisão a respeito dos novos juros será anunciada após as 17h (de MS), e ficará vigente por ao menos 45 dias, quando os diretores do BC voltam a se encontrar para discutir novamente a conjuntura econômica nacional.

Críticas

A manutenção dos juros no maior nível dos últimos seis anos é alvo de críticas de toda a equipe econômica do governo federal. Ontem (19), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os juros deveriam ter começado a cair em março. Desde o início do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também critica os juros. Em janeiro, ele afirmou que o atual nível da taxa Selic atrapalha os investimentos e que não existe nenhuma justificativa para que a Selic esteja neste momento nesse patamar.

Na semana passada, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que o Executivo tem feito seu papel. Segundo ela, já existem condições para um corte da taxa básica no encontro marcado para o mês de agosto.

“Estamos dando todos os elementos e condições para que o BC e o Copom possam começar a olhar com carinho, mostrar uma tendência de queda dos juros já a partir de agora, prevendo uma queda de juros em agosto”, disse, após reunião do Conselhão.

A fala de Tebet foi acompanhada pelos analistas do mercado financeiro. De acordo com o Relatório Focus, a expectativas é de que o primeiro corte dos juros, de 0,25 ponto percentual, ocorra em agosto.

As perspectivas de queda levam em conta o recente arrefecimento da inflação, que subiu em ritmo menor nos últimos três meses, e o avanço no Congresso Nacional da tramitação das novas regras fiscais apresentadas pelo governo.

As avaliações consideram que a Selic é a principal ferramenta monetária para reduzir a inflação. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas opções de investimento pelas famílias.

Selic

A taxa básica é a mais baixa da economia e funciona como piso para os demais juros cobrados no mercado. Ela é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.

Em linhas gerais, a Selic é a taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e o repassar para empresas ou consumidores, em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram em contratos de crédito são sempre superiores à Selic.

A taxa básica também é o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.

Meta de inflação

Para 2023, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo Banco Central, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior é 4,75%. Para 2024 e 2025, as metas são de 3% para os dois anos, com o mesmo intervalo de tolerância. A meta para 2026 será definida neste mês.

No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de março pelo BC, a autoridade monetária reconhece a possibilidade do estouro da meta de inflação neste ano. No documento, a estimativa é que o IPCA atingirá 5,8% em 2023. O próximo relatório será divulgado no fim do mês.

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