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sexta-feira, 9 de maio, 2025
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BC eleva Selic para 14,75% ao ano diante de alta na inflação e incertezas globais

O Banco Central anunciou nesta quarta-feira (8) um novo aumento da taxa básica de juros da economia brasileira. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, levando-a a 14,75% ao ano — o maior patamar desde agosto de 2006. Essa é a sexta alta consecutiva, consolidando um ciclo de aperto monetário diante da pressão inflacionária e do cenário internacional instável.

A decisão era amplamente esperada pelo mercado, que já previa uma nova alta em meio ao avanço dos preços de alimentos e energia, além das incertezas provocadas por turbulências econômicas globais.

Em comunicado divulgado após a reunião, o Copom evitou sinalizar os próximos passos da política monetária, ressaltando que o momento exige “cautela adicional” e “flexibilidade” para reagir a novos dados que influenciem a trajetória da inflação. “O cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda prudência”, afirmou o texto.

Inflação preocupa e ultrapassa teto da meta

A decisão do Banco Central ocorre em meio a um cenário de inflação persistente. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,43% em abril, acumulando 5,49% nos últimos 12 meses — acima do limite superior da nova meta contínua de inflação, que é de 4,5%.

Desde janeiro, o regime de metas de inflação passou a ser contínuo, ou seja, o Banco Central agora avalia o IPCA mês a mês, sempre considerando os 12 meses anteriores. A meta central é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Segundo projeções do próprio BC divulgadas nesta quarta, a inflação deve encerrar 2025 em 4,8% — acima do teto da meta — e recuar para 3,6% até o fim de 2026. No último Relatório de Inflação, divulgado em março, a estimativa era de 5,1% para 2025. O próximo relatório está previsto para o fim de junho.

Já o mercado financeiro, de acordo com o boletim Focus, prevê inflação ainda mais alta: 5,53% em 2025.

Crédito mais caro e crescimento menor

A elevação da Selic encarece o crédito, o que ajuda a frear o consumo e, por consequência, segurar a inflação. No entanto, também pode impactar negativamente o crescimento econômico. O Banco Central reduziu de 2,1% para 1,9% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025. O mercado projeta expansão semelhante, com previsão de 2%.

A taxa Selic influencia todas as demais taxas de juros do país, desde financiamentos e empréstimos bancários até os rendimentos de investimentos em renda fixa. É também a referência para os títulos públicos negociados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).

O ciclo atual de alta começou em setembro do ano passado, após três meses de estabilidade. Desde então, o Copom tem elevado os juros de forma contínua: uma alta de 0,25 ponto, seguida por outra de 0,5 e três ajustes consecutivos de 1 ponto percentual.

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