Custo da cesta básica tem alta em 13 capitais e redução em 14
05/03/2020 12h37
Por: Redação
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) divulgou nesta quinta-feira (5) a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. A pesquisa da cesta básica realizada em Campo Grande apresentou a retração percentual mais expressiva entre as dezessete capitais pesquisadas. Com variação de -2,75%, a cesta teve custo de R$ 454,40 – uma redução de R$ 12,60 em relação ao valor desembolsado para aquisição dos alimentos no mês de Janeiro, o que a posiciona como a 11ª mais acessível.
Ao comparar o custo da cesta de Fevereiro dos anos de 2019 e 2020, a variação foi de 1,54%. Em Fevereiro de 2019, a cesta básica para um trabalhador campo-grandense teve custo de R$ 438,64 – R$ 6,76 mais barata em relação à cesta de 2020.
Em relação à cesta familiar – destinada ao atendimento de uma família composta por dois adultos e duas crianças, o custo nesse segundo mês de 2020 foi de R$ 1.336,20, uma redução de R$ 37,80 na comparação com os gastos percebidos por uma família em Janeiro.
Comparando com Fevereiro de 2019, o aumento em 2020 foi de R$ 20,28, posto que a cesta familiar teve custo total de R$ 1.315,92.
O custo da cesta familiar apresentou uma equivalência de 1,28 vezes com o salário mínimo bruto, uma redução em 0,04 p.p. na comparação com Janeiro. Já o nível de comprometimento do salário mínimo líquido3 para aquisição de uma cesta básica teve uma redução em 1,31 p.p., uma vez que o percentual passou de 47,91% em Janeiro para 46,33% em Fevereiro.
Em Fevereiro, os trabalhadores que recebem um salário mínimo tiveram nova redução na jornada de trabalho necessária para adquirir uma cesta básica; foi necessário trabalhar horas e 13 minutos a menos em relação à Janeiro, posto que a jornada foi de 93 horas e 46 minutos.
Em relação aos preços, foram observadas dez baixas e duas altas. Não foi registrada variação no preço do Açúcar cristal (0,00%), cujo preço médio do quilo do produto permaneceu na casa dos R$ 1,97.
As altas foram observadas nos preços de Batata (11,26%) e Pãozinho francês (0,27%), cujos preços médios foram de R$ 2,57 e R$ 11,13, respectivamente. Em 12 meses, o tubérculo acumula retração (-34,77%) e o pão apresentou estabilidade de preços (0,00%).
Baixaram de preços o Tomate (-8,33%), a Banana (-7,47%)– cujo preço médio passou de R$ 7,23, em Janeiro, para R$ 6,69, em Fevereiro -, o Feijão carioquinha (-6,02%), o Óleo de soja (-3,17%), a Carne bovina (-2,93%), o Leite (-2,14%), a Farinha de trigo (-1,39%), a Manteiga (-0,76%), o Arroz (-0,70%) e o Café (-0,58%).
Em 12 meses, a Banana acumula alta de 27,68% e a Carne bovina acumula alta de 18,83% – em Fevereiro de 2019, o quilo do produto apresentou preço médio de R$ 21,24; enquanto que neste ano, o preço médio foi de R$ 25,24. Além da Batata, Feijão (-41,01%), Tomate (-25,78%) e Café (-9,57%) apresentaram retração de preços no período.
No país
O custo do conjunto de alimentos essenciais subiu em 10 capitais, em fevereiro de 2020, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo DIEESE em 17 cidades.
As altas mais expressivas ocorreram nas cidades do Nordeste e do Norte: Fortaleza (6,83%), Recife (6,15%), Salvador (5,05%), Natal (4,27%) e Belém (4,18%), enquanto as principais quedas foram observadas no Centro-Sul: Campo Grande (-2,75%), Vitória (-2,47%), Porto Alegre (-2,02%) e Goiânia (-1,42%).
A capital com a cesta mais cara foi São Paulo (R$ 519,76), seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 505,55) e por Florianópolis (R$ 493,15). Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 371,22) e Salvador (R$ 395,49).
Em 12 meses, entre fevereiro de 2019 e o mesmo mês de 2020, a cesta apresentou elevação em quase todas as cidades, com exceção de Aracaju (-2,21%). Os aumentos variaram entre 1,54%, em Campo Grande, e 12,82%, em Belém.
Em 2020, os preços acumularam alta em 10 cidades. Merecem destaque os aumentos registrados em Salvador (9,70%), João Pessoa (8,14%), Fortaleza (6,77%) e Recife (6,72%). As quedas mais importantes foram anotadas em Vitória (-3,85%) e Florianópolis (-3,63%).
Com base na cesta mais cara, que, em fevereiro, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em fevereiro de 2020, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 4.366,51, ou 4,18 vezes o mínimo de R$ 1.045,00. Em janeiro, quando o salário mínimo era de R$ 1.039,00, o salário necessário correspondeu a 4,18 vezes o piso vigente, ou seja, R$ 4.347,61. Já em fevereiro de 2019, o valor foi de R$ 4.052,65, ou 4,06 vezes o salário em vigor, de R$ 998,00.
Cesta básica x salário mínimo
Em fevereiro de 2020, com o aumento de R$ 6,00 sobre o salário mínimo de janeiro, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 94 horas e 57 minutos. Em janeiro, a jornada ficou em 94 horas e 26 minutos. Em fevereiro de 2019, com o piso nacional em R$ 998,00, a jornada necessária foi calculada em 91 horas e 16 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em fevereiro, 46,91% da remuneração, pouco mais do que em janeiro, quando ficou em 46,65% e o salário mínimo era de R$ 1.039,00. Em fevereiro de 2019, a compra demandava 45,09% e o piso era de R$ 998,00.
Comportamento dos preços
Entre janeiro e fevereiro de 2020, foi predominante a alta no preço do açúcar, arroz agulhinha e tomate. Já o valor da carne bovina de primeira, do feijão carioquinha e da batata, pesquisada na região Centro-Sul, teve redução média de valor na maior parte das cidades.
O quilo do açúcar mostrou alta de preços em 15 capitais, entre janeiro e fevereiro de 2020. As taxas oscilaram entre 0,81%, em Curitiba, e 4,82%, em Salvador. Em Campo Grande, o preço médio não variou e, em Brasília, diminuiu -1,57%. Em 12 meses, apenas em Natal houve redução (-0,40%). Nas demais cidades, foram registradas altas, com destaque para Brasília (32,80%), Aracaju (16,49%) e Curitiba (16,28%). A oferta reduzida de açúcar e as exportações crescentes explicam a elevação de preços no varejo.
O arroz agulhinha teve o preço majorado em 15 capitais. Os maiores aumentos foram registrados em Belém (6,69%), Vitória (3,83%), Porto Alegre (3,73%) e Salvador (3,35%). As reduções ocorreram em Belo Horizonte (-1,37%) e Campo Grande (-0,70%). Em 12 meses, o valor médio do quilo do arroz aumentou em 15 cidades, com destaque para Belém (13,46%), Porto Alegre (12,50%) e Recife (10,23%). As taxas negativas foram observadas em Aracaju (-3,16%) e Brasília (-1,45%). A demanda firme pelo grão sustentou o aumento de valor no varejo.
O preço médio do tomate subiu em 14 capitais. As maiores altas foram registradas em Fortaleza (54,55%), João Pessoa (45,48%), Salvador (44,53%), Recife (41,67%), Belém (40,66%) e Natal (39,29%). As reduções ocorreram em Campo Grande (-8,33%), Vitória (-7,83%) e Rio de Janeiro (-2,62%). Em 12 meses, o valor médio do quilo do fruto aumentou em 16 capitais, com taxas que oscilaram entre 1,66%, em Curitiba, e 47,39%, em Belém. Foi observada queda em Campo Grande (-25,78%). As chuvas no Ceará e na Bahia reduziram a oferta do tomate nas cidades do Nordeste.
O quilo da carne bovina de primeira diminuiu em todas as capitais, entre janeiro e fevereiro de 2020. As quedas variaram entre -5,03%, em Aracaju, e -0,10%, em Florianópolis. Em 12 meses, o preço médio da carne aumentou em todas as cidades, com destaque para as taxas de Recife (30,19%), Belém (26,81%) e Goiânia (26,42%). O alto patamar do preço da carne bovina de primeira pode ter reduzido a demanda interna, o que acarretou queda nas cotações dos estabelecimentos comerciais das capitais pesquisadas.
O preço do feijão diminuiu em 13 capitais. O grão do tipo carioquinha, pesquisado nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e em São Paulo, teve alta de preço em Recife (4,41%) e redução nas demais cidades. A queda mais expressiva ocorreu em Belém (-13,05%). Já o valor do feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, subiu 0,20%, em Curitiba, 0,96%, em Florianópolis e 1,91%, em Porto Alegre. Houve redução do valor médio em Vitória (-4,57%) e no Rio de Janeiro (-2,87%). Em 12 meses, o preço do grão carioquinha caiu em todas as capitais: as taxas variaram entre -41,01%, em Campo Grande, e -13,08%, em São Paulo.
O tipo preto apresentou taxa negativa em todas as cidades onde é pesquisado, nos 12 meses, com destaque para Vitória (-21,22%). A menor demanda por feijão, devido aos preços elevados e à baixa qualidade do grão ofertado, consequência das condições climáticas, podem explicar o recuo de valor observado no varejo.
O preço do quilo da batata, pesquisada no Centro-Sul, diminuiu em nove cidades e aumentou em Campo Grande (11,26%), em fevereiro. As reduções mais expressivas foram registradas em Belo Horizonte (-13,79%) e Goiânia (-7,71%). Em 12 meses, houve redução de valor em quase todas as capitais, exceto em Brasília (17,47%). As taxas negativas acumuladas variaram entre -34,77%, em Campo Grande, e -1,68%, em São Paulo. A colheita de tubérculos abasteceu o varejo e houve redução de preço.
