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sábado, 18 de maio, 2024
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Carta a uma mãe

12/05/2020 06h44
Por: Janir Arruda

Essa é uma carta a minha mãe, mas tenho certeza que muitas outras filhas, vão se identificar em algum momento, em algum trecho. E eu começo assim:

Querida mãe, hoje esta sendo um dia diferente pra mim. Eu comecei triste porque essa pandemia tem me afastado de ti, do meu pai, do meu namorado. Triste também estava porque há um ano atrás, eu dei uma fugidinha no intervalo do almoço pra te comprar uma “moleka” pra te presentear, para que você pudesse, a noite, ir ao evento que a Prefeitura Municipal, por meio da Fundação da Cultura e do Patrimônio Histórico de Corumbá, sob a batuta do especialíssimo Joilson da Cruz promoveria naquela sexta-feira, o que seria uma seresta em homenagem ao Dia das Mães, ali no Jardim da Independência. Lembro que as atrações eram a Banda Destak, Lúcia Philbois, Doralina, Tatiane Sant’Ana; Braguinha e Elizeth Gonçalves, as músicas do seu tempo. Músicas que você cantava pra mim, quando eu chorava minhas dores nos seus braços.

Hoje é segunda feira, e por causa de um bichinho pequenininho, que o Prefeito da cidade, luta bravamente com seus recursos, com seus decretos minimizar não tive o seu abraço de mãe, ontem. Concordo que está nítido que outros líderes municipais que não restringiram tanto, hoje, estão tendo que fazer o mesmo que Corumbá sabiamente fez, inclusive cortando na carne, servidores para redução de custos e até o próprio salário. Seria o caso de Guia Lopes da Laguna decretou o “lockdown” desde sexta feira.. Faço questão de dizer isso porque são coisas que o pai ensinou, e ele falava, a senhora lembra bem. “Filha, as vezes precisamos recuar pra depois avançar. Somos meros estilingues nas mãos do criador“.

Mas eu quero ir mais além, quero te pedir desculpas por ter de te pedir para usar máscaras, mas é preciso, temos a dificuldade pra viajar com a rodoviária fechada, mas por enquanto é preciso, temos que adiar a confecção dos andores do São João, que eu aprendi com o lendário “Tanabi” pra depois, mas é preciso. Temos de deixar de fazer muitas coisas, por enquanto, mas é preciso! Entretanto, é preciso também acreditar que teremos um mundo melhor, em breve, é preciso valorizar as pessoas certas e que nunca deixaram de estar ao nosso lado, mesmo sendo ignoradas, elas estavam lá, e eu sei que hoje merecem o seu destaque e a sua honra.

Mãe, muito obrigado pelo que fez por mim, na sua simplicidade mostrou pra mim a honestidade, na sua rudeza mostrou pra mim a pureza e na sua dedicação ao pai, mostrou o que é ter coração. Tudo que eu sou eu sei bem a quem agradecer. Deus a abençoe e te guarde. Eu não poderia ter melhor exemplo como mulher. Eu te vi fazendo comida para uma amiga doente, eu te vi guardando dinheiro e economizando para que rendesse o mês todo, Eu te vi sendo fiel, quando jovem e bela, você dispensava educadamente os assédios. E como último pedido nessa carta, eu gostaria que a senhora não parasse de me ensinar a viver. E me espera, porque em 2021 vamos estar juntas de novo, na “seresta do dia das mães” ou lá no “Porto, beira do Rio Paraguai, no Banho de São João” cantando as músicas que embalaram os meus sonhos de menina e que me ajudaram a construir os meus sonhos de mulher. Muito Obrigado. Feliz Dia das mães. Estou louca pra ir correndo te dar um abraço!

Uma filha que te ama e respeita.

Janir Arruda

Carta a uma mãe
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