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domingo, 19 de maio, 2024
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Conheça a história das mulheres que ajudaram Campo Grande a crescer culturalmente

Neste 08 de Março é celebrado o Dia Internacional da Mulher, a data simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens, bem como melhores condições de vida e dos seus direitos como cidadãs.

Na história de Campo Grande, existem figuras femininas que inspiraram e deixaram sua marca, recebendo homenagens com seus nomes gravados em importantes Prédios do Patrimônio Histórico da cidade.

Confira abaixo quais foram as mulheres que fizeram a cultura campo-grandense se despontar e conheça as suas histórias de superação e luta:

Ana Luiza Prado Bastos

Conheça a história das mulheres que ajudaram Campo Grande a crescer culturalmente

A Professora Galega era Anna Luiza Prado Bastos. Esta expoente mulher nasceu em Cuiabá. Ela ocupou a Cadeira 27, da Academia Mato-grossense de Letras – AML, em 1932, permanecendo nela por seis décadas. Em 1923, mudou-se para Campo Grande, onde, em 1935, fundou a Escola Primária Barão de Melgaço, contribuindo para o desenvolvimento da educação e da sociedade. Dela foi a única proprietária até o final da década de 1960.

Teve efetiva participação nas obras de cunho social, cultural e filantrópico nas cidades em que residiu, e lecionou em Campo Grande, nas décadas de 30 e 40.

Em Campo Grande, a Biblioteca Pública Municipal, fundada em 28 de novembro de 1932, pelo médico e beletrista Perí Alves Campos, e doada à municipalidade em 05 de março de 1940, em sua atual sede, no Parque Florestal Antônio de Albuquerque (Horto Florestal), foi inaugurada em 19 de maio de 1995, com o nome de Anna Luiza Prado Bastos – professora Galega, homenagem à professora cuiabana, que muito contribuiu para educação em Campo Grande e fez história entre seus alunos pelo empenho e carinho dispensados ao longo dos anos, através da Lei Número 3214, de 24 de novembro de 1995.

Cacique Enir Terena

Enir da Silva Bezerra foi líder da etnia Terena e referência para a cultura indígena em Mato Grosso do Sul. Em meio a costumes e tradições de raízes masculinas, essa grande mulher tornou-se líder de seu povo, rompeu barreiras, firmou-se como empreendedora de ações transformadoras e deixou importante legado para a história.

Conheça a história das mulheres que ajudaram Campo Grande a crescer culturalmente

Enir Bezerra nasceu na aldeia Terena Limão Verde, no município de Aquidauana. Com 5 anos de idade mudou-se para Campo Grande, onde se criou e constituiu família. Desde jovem, demonstrou inequívoco interesse pela realidade das etnias que migravam do interior do Estado para se radicarem na periferia de Campo Grande.

Em 1985, ingressou na Associação Indígena “Kaguateca”, dando início à militância em políticas públicas, que se estendeu por toda a sua vida. Dez anos depois,09/06/1995 chegou com mais 20 famílias na área conhecida como “Desbarrancado”, que se tornou depois a Aldeia Urbana Marçal de Souza, a primeira do gênero no Brasil.

Em 1999, a luta de Enir Bezerra efetivou a criação do Memorial da Cultura Indígena, centro agregador e difusor das culturas representativas de várias etnias. Em 30 de novembro de 2008, Enir Terena, concorreu às eleições em sua aldeia urbana e foi a primeira índia brasileira a conquistar o título de Cacique e reeleita em 2012. Sua militância se estendeu até 2016, quando faleceu. Em 17 de maio o prefeito sancionou a lei 6.006 na qual passou a denominação para Memorial da Cultura Indígena Cacique Enir Terena.

Lídia Baís

Lídia morou no casarão da Avenida Afonso Pena, hoje Morada dos Baís, entre os anos de 1918 e 1938. Seus primeiros quadros foram pintados por volta do ano de 1915.

Conheça a história das mulheres que ajudaram Campo Grande a crescer culturalmente

Iniciou seus estudos em pintura com Henrique Bernardelli em 1926. Passa o ano seguinte em viagem pela Europa, permanecendo mais tempo em Berlim e Paris, onde recebeu influências do expressionismo e do surrealismo. De volta ao Brasil, em 1928, retoma seus estudos sob orientação de Henrique Bernardelli.

Em 1950, funda o Museu Baís em Campo Grande, que não chega a ser aberto ao público, e ingressa na Ordem Terceira de São Francisco de Assis, adotando o nome de Irmã Trindade. A partir daí, passa a dedicar-se exclusivamente aos estudos religiosos e filosóficos. Por volta de 1960 publica, sob o nome fictício de Maria Tereza Trindade, o livro História de T. Lídia Baís.

Helena Meirelles

Helena Meirelles foi uma compositora, cantora e violeira, nascida em 1924. Helena foi conhecida como a dama da viola de Mato Grosso do Sul que derrubou preconceitos e encantou o guitarrista Eric Clapton com o seu jeito de tocar.

Conheça a história das mulheres que ajudaram Campo Grande a crescer culturalmente

É considerada uma importante representante da música regional brasileira e sua história de vida é um precioso exemplo feminino de luta e libertação.

As canções que ela tocava desde menina e as composições que vieram depois são duas facetas muito parecidas de uma mesma moeda apresentada em seus quatro discos lançados. E em antológicas apresentações ao vivo, de norte a sul do Brasil. Um repertório bastante representativo da música regional de fronteira do cerrado, que apresenta uma diversidade de gêneros, como o rasqueado, o chamamé, a guarânia e a polca paraguaia, e cala fundo no coração de quem carrega na alma o sentimento pantaneiro.

Mário de Araújo, seu sobrinho e primeiro produtor, alavancou sua carreira musical e, com 67 anos, foi finalmente reconhecida artisticamente. Mário gravou uma fita cassete (demotape) e enviou para a revista Guitar Player numa caixa junto com uma foto da artista, um guizo de cascavel de sete gomos e uma de suas palhetas de chifre de boi. O editor da revista americana Jas Obrecht achou o estilo de Helena muito interessante e vários artigos foram escritos abrindo posteriormente também espaço na imprensa brasileira.

Os quatro discos, lançados entre 1994 e 2002, venderam aproximadamente 100 mil cópias. De ouvidos aguçados e exigentes, Dona Helena não ficou satisfeita com o resultado do quarto trabalho, Ao Vivo – De Volta ao Pantanal, o primeiro a ser lançado fora da Eldorado. Há um quinto registro em disco, Os Bambas da Viola, com a sua participação apenas em uma das faixas.

Obteve premiações internacionais e nacionais como Spotlight Arts (1993) e Cem e uma palhetas do Século (1994) pela GuitarPlayer Magazine e foi incluída na lista 30 maiores ícones brasileiros da guitarra e do violão (Categoria: Raízes Brasileiras) da revista Rolling Stone Brasil.

Helena morreu em Campo Grande, em 2005, com 81 anos.

Lucila de Araújo Pereira

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Lucila de Araújo Pereira foi servidora do Município de Campo Grande por mais de 11 anos, lotada na Secretaria de Educação, mas que por muitos anos prestou seus serviços na Fundação Municipal de Cultura – FUNDAC.

Foi na Plataforma Cultural, antiga estação ferroviária, que Lucila encontrou seu lar profissional e artístico definitivo, onde pode desempenhar seu sonho em ser artista. Viveu arte, escreveu poesias, compôs canções, fez artesanato, pintou telas, e na técnica em mosaico encontrou a paixão que seria sua marca.

Também foi integrante do grupo “A voz do Cruzado Pantaneiro”, tendo uma das composições, de sua autoria, gravada em CD.

A Sala de Oficinas da Plataforma Cultural, localizada na Esplanada Ferroviária, é de extrema importância, visto que a sala era muito utilizada pela Sra. Lucila, e portanto em 28 de novembro de 2017, através da LEI n. 5.915, recebeu a denominação de “Lucila de Araújo Pereira” , em homenagem à essa mulher que dedicou seus dias a esse lugar e ao ensino das artes.

Tia Eva

Tia Eva foi uma mulher negra referência da comunidade que leva seu nome. Nasceu em Mineiros, Goiás. Foi escrava e logo após receber sua alforria, decidiu vir para Campos de Vacaria – hoje Campo Grande.

Isso foi em 1905, quando veio com suas três filhas, com uma nova expectativa de vida. Sem demora, ela chegou em comitiva com outros negros à região da Mata do Segredo, próximo aos córregos Segredo e Cascudo onde estabeleceu uma comunidade quilombola.

Conheça a história das mulheres que ajudaram Campo Grande a crescer culturalmente

Tia Eva tinha grande fé em São Benedito. Por isso, ela recorreu a ele para que curasse uma ferida que havia em sua perna há anos. Então, ela lhe fez uma promessa e chegando a Mato Grosso, ela foi milagrosamente curada.

Assim, ela construiu uma igreja de pau a pique, em 1912, em homenagem ao santo, que está entre as igrejas mais antigas de Campo Grande.

Em 1919, Tia Eva conseguiu reerguer a igreja, desta vez, em alvenaria, com ajuda de toda a comunidade e resolveu que todo ano organizaria uma festa em homenagem a São Benedito, que acontece sempre no domingo mais próximo de 13 de maio.

A inauguração da Igreja foi em 13 de maio, com uma festa que contou com novena, terço, música e fogos, para louvar São Benedito.

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