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sexta-feira, 19 de abril, 2024
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Corredor Bioceânico vai reduzir 23% do tempo das exportações do centro-oeste brasileiro

O Corredor Bioceânico, rota rodoviária que possibilitará a conexão viária do Centro-Oeste brasileiro aos portos chilenos, vai proporcionar mais competitividade no escoamento da produção agrícola e industrial, com redução de 23% do tempo de viagem (12 dias a menos) para a China, por exemplo, em comparação ao trajeto pelo Porto de Santos (SP), e redução do custo do transporte rodoviário para exportações e importações, conforme dados da Empresa de Planejamento e Logística (EPL).

O trajeto passará por cidades do Brasil, do Paraguai, da Argentina e do Chile, e trará impactos para a população e para o desenvolvimento das regiões alcançadas pelo traçado internacional, promovendo a abertura de novos mercados e a integração da região do entorno do trajeto nos quatro países.

Para identificar as oportunidades e desafios gerados pela obra, pesquisadores do Projeto Multidisciplinar Corredor Bioceânico estão realizando estudos nas áreas de Logística, Economia, Turismo, Direito e História. O projeto de pesquisa e extensão é coordenado pelo Prof. Dr. Erick Wilke, da Escola de Administração e Negócios (ESAN) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

No Projeto Multidisciplinar, estão sendo realizadas pesquisas centradas em resultados consistentes para a promoção do desenvolvimento econômico e social nos territórios por onde o Corredor Bioceânico passará. “O papel da universidade é levantar e gerar dados e informações por meio da pesquisa para que as autoridades e demais atores envolvidos nesse projeto possam tomar as melhores decisões possíveis”, explica o coordenador do projeto, Erick Wilke.

O projeto poderá beneficiar gestores públicos municipais; entidades associativas de classe; líderes comunitários; empresas do setor de transporte e logística e do setor de turismo; pequenos e microprodutores e empreendedores, agricultores de base familiar e sociedade civil em geral.

A importância da pesquisa para o planejamento de ações da iniciativa pública e privada é destacada pelo ministro João Carlos Parkinson de Castro, que é o coordenador Nacional dos Corredores Rodoviário e Ferroviário Bioceânicos e coordenador-geral de Assuntos Econômicos Latino-Americanos e Caribenhos do Ministério das Relações Exteriores.

Para o ministro João Carlos Parkinson, um dos aspectos que a universidade pode contribuir é com relação ao impacto social. “A infraestrutura física quando é implantada gera externalidades positivas e negativas. As positivas vão ser exploradas pelo setor privado, como os novos fluxos de comércio, novos investimentos, mais emprego, acesso à tecnologia. Agora tem as questões negativas que são igualmente importantes, como, por exemplo, o aumento do consumo da droga, como a modernidade vai conviver com as culturas tradicionais. São questões em que é importante abrir o espaço para o pensamento, para a ação universitária”, analisa.

Recursos

Os recursos que viabilizaram a realização do Projeto Multidisciplinar são oriundos de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet. Ele é natural de Porto Murtinho e trabalhou com o ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos junto à Embaixada do Paraguai em Brasília para viabilizar a entrada da Itaipu Binacional no projeto. A empresa irá financiar a construção da ponte sobre o Rio Paraguai entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta, obra que é fundamental para viabilizar o funcionamento do corredor bioceânico e que deve começar a ser construída em 2021.

“Com o projeto em andamento, percebemos que algumas áreas não seriam contempladas pelos estudos de impacto econômico que seriam feitos, por isso resolvemos buscar a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul para que analisasse essas áreas”, explica o deputado federal.

Vander Loubet lembra que o corredor bioceânico vai impactar o Estado de Mato Grosso do Sul não apenas na questão econômica, em relação ao agronegócio e exportações, como também aspectos ligados ao turismo, à cultura e até mesmo aos pequenos empreendimentos, como a agricultura familiar.

“Acredito que essa pesquisa vai poder complementar aquilo que está sendo estudado pelo Governo do Estado. O Estado está focado com o macro, em questões alfandegárias, de arrecadação, de oportunidades para o agronegócio e a indústria. Mas é importante que a gente tenha a dimensão total do que vai representar esse corredor, desde Campo Grande até Porto Murtinho. A Universidade não pode ficar restrita apenas ao mundo acadêmico, acredito que é fundamental que ela possa fazer parte do dia a dia da população e esse tipo de pesquisa é uma forma de fazer isso”, avalia o parlamentar.

Vanguarda

O Projeto Multidisciplinar representa uma extensão do somatório de esforços e ações em torno do tema central Corredor Bioceânico. “Este projeto coloca a UFMS na vanguarda da discussão da rota bioceânica na medida em que ao pesquisar o cenário atual pensando em perspectivas futuras, antes da obra física ser executada, a universidade está cumprindo um papel muito mais importante do que sanar problemas ou deficiências do nosso momento, estamos impedindo uma série de problemas futuros relacionados à logística, à infraestrutura e aos impactos sociais do projeto, e também estamos olhando para as potencialidades que estão se delineando neste momento”, avalia o pró-reitor de extensão da UFMS, Marcelo Fernandes.

“As pesquisas das universidades têm um papel fundamental para que, através da ciência, a gente consiga tomar decisões e avaliações de políticas públicas corretas. Temos uma grande responsabilidade, essas comunidades não vão conseguir ser autônomas na apropriação desse desenvolvimento, temos que ajudá-las para que elas construam os próprios projetos. Se não tiver o poder da política pública em cada um dos países para que essas comunidades se apropriem desse processo de desenvolvimento, nós não vamos conseguir chegar lá”, destaca o secretário titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck.

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