De uma semana para a outra a cidade fechou. Bonito, um dos destinos de ecoturismo mais premiados do Brasil, suspendeu todas as atividades turísticas por causa da pandemia em 18 de março de 2020, quatro dias depois da confirmação do primeiro caso de Covid-19 em Mato Grosso do Sul.
Por pouco mais de três meses, de março a julho, Bonito não recebeu nenhum visitante, segundo o Observatório de Turismo e Eventos da cidade (OTEB).
“Quando ninguém podia sair e a cidade não tinha nenhum passeio aberto, aproveitei pra fazer manutenção em casa. Eu tinha uma certa reserva quando fechou o turismo, por sorte, porque uns meses antes eu tinha vendido um veículo. Essa reserva, que era para fazer um investimento, acabei usando para me manter durante o fechamento”, conta Marcos Violante, de 51 anos, que trabalha como biólogo e guia turístico.
Mas muitos colegas de Marcos não tiveram a mesma sorte que ele. “A maioria não estava com nenhuma reserva e o momento mais crítico foi de duas a três semanas após o fechamento total, onde muitos guias ficaram sem nenhum dinheiro”.
Com as dificuldades batendo na porta, a própria comunidade resolveu agir. Almoços beneficentes foram organizados e vaquinhas arrecadaram dinheiro para os trabalhadores do turismo. “Para auxiliar pessoas que estavam com bastante necessidade”, diz.
Bonito voltou a receber turistas após meses de fechamento. Tudo organizado com protocolos de segurança que chagaram a render para a cidade o selo “Safe Travel”, concedido neste ano pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, sigla em inglês).
A retomada gradativa da movimentação turística devolveu renda aos operadores do turismo. E o anúncio do auxílio estadual “Incentiva+MS Turismo”, de R$ 6 mil em seis parcelas para pessoas físicas e jurídicas, animou o setor. “Foi uma reação de alegria de todo mundo porque é uma quantia considerável esse valor de mil reais por mês. Não foi uma quantia irrisória. Foi uma quantia considerável que realmente ajuda, dá para pagar água, luz, telefone, às vezes até aluguel”, explica Marcos.
Na primeira etapa do auxílio estadual, 612 auxílios foram aprovados pela Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur). Na segunda, que está em andamento, 171 candidatos enviaram suas inscrições à Fundação, que tem até dia 29 de outubro para analisar a documentação.
“Para você pagar todas as contas e se alimentar sem ter renda nenhuma foi bem complicada (a pandemia), uma verdadeira prova de resistência. Essa ajuda do governo hoje está vindo para a gente se reerguer”, completa Marcos, que é um dos beneficiários do “Incentiva+MS Turismo”.
Para ele, a normalidade ainda não voltou, mas a esperança é que 2022 seja o ano da virada, ainda mais pelo avanço da vacinação no Brasil e no mundo. “Trabalho muito com turismo de estrangeiros, afetou fortemente e não retomou ainda. Fiz poucos trabalhos este ano. Estou contando que volte em 2022”, acredita.