Greve de motoristas de ônibus começa nesta segunda-feira em Campo Grande

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Categoria só retorna às atividades após quitação completa dos salários de novembro, segunda parcela do 13º e vale-alimentação (Foto: Prefeitura de Campo Grande/Divulgação)

Mesmo após pagamento parcial de salários, categoria mantém paralisação que deve afetar mais de 100 mil usuários

Mesmo após o pagamento de 50% dos salários atrasados, os motoristas de ônibus de Campo Grande mantiveram a decisão de greve, que terá início nesta segunda-feira (15). A informação foi confirmada pelo STTCU-CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande), enquanto os veículos ainda circulavam normalmente neste domingo (14).

Decisão da categoria

A paralisação foi definida em assembleia realizada na quinta-feira (11), com a participação de mais de 200 motoristas. A categoria reivindica o pagamento integral do salário de novembro, a segunda parcela do 13º salário e o vale-alimentação.

Segundo o presidente do sindicato, Demétrio Freitas, a frota ficará 100% parada até que todos os pagamentos pendentes sejam quitados. “Daqui pra frente não muda nada, não pagou, parou. Segunda-feira não sai nenhum ônibus. Se pagar, trabalha normal; se não pagar, para”, afirmou.

Impacto na população

A paralisação deve afetar mais de 100 mil usuários, que dependem do transporte público para se deslocar diariamente. Dados da Planurb apontam média diária de 116 mil passageiros, percorrendo cerca de 72 mil quilômetros por dia. Em paralisações anteriores, como em outubro, houve congestionamentos em várias vias da cidade e aumento expressivo das corridas por aplicativo, chegando a mais que dobrar o preço normal.

Impasse financeiro

O Consórcio Guaicurus afirmou que a dificuldade para quitar os salários integrais decorre de limitações financeiras. Segundo a empresa, os recursos disponíveis foram direcionados prioritariamente à folha de pagamento e despesas essenciais, como combustível e manutenção da frota. Todas as linhas de crédito disponíveis estariam comprometidas, dificultando a obtenção de novos recursos.

A prefeitura, por sua vez, contesta a versão do consórcio e garante que os repasses estão em dia, incluindo antecipação de 57% da subvenção referente a novembro.

A Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Delegados) classificou a greve como sem fundamento e sinalizou possível ilegalidade do movimento, destacando que o município ainda não foi formalmente comunicado.

Contexto e ações judiciais

Paralelamente, uma ação popular busca a intervenção judicial no consórcio, baseada em relatório da CPI do Transporte, que apontou problemas como frota acima da idade permitida, falhas de manutenção, ausência de seguros e má gestão financeira.

Com o impasse mantido, todas as linhas de ônibus de Campo Grande devem ficar paralisadas a partir de segunda-feira, afetando diretamente a rotina de milhares de trabalhadores e estudantes que dependem do transporte coletivo.