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sexta-feira, 26 de abril, 2024
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Marco venceu a Covid e também a fila de espera por transplante renal

O ano de 2021 começou de uma forma bem diferente para Marco* de 37 anos, que estava há espera por um rim compatível, e que pôs fim aos longos 17 anos de tratamento. No último dia 9 de janeiro, ele realizou com sucesso o transplante renal, mas essa não foi sua única batalha, pois há três meses ele também venceu a contaminação pelo novo coronavírus (COVID-19) e uma grave pneumonia em consequência da doença.

O procedimento, conduzido pela equipe do Serviço de Urologia da Santa Casa de Campo Grande, pôs fim a essa longa história de superação, cheia de altos e baixos. O ano que está iniciando é avaliado pelo paciente como um novo nascimento. “2021 será um ano lembrado com muita alegria, afinal eu nasci de novo né! ”, expressou Marco*.

Quando ainda era um adolescente de 16 anos e atuava como jogador de futebol amador, ele percebeu algumas alterações físicas que eram inchaços nos pés, acompanhados de muito cansaço por menor que fosse o esforço, mas que ao longo do tempo passou a ser ainda mais frequente. O paciente lembra que foi um momento muito difícil, pois naquela idade era ainda muito complexo compreender a doença.

“Eu descobri que algo estava errado comigo durante os treinos, mas foi num torneio no Paraná que meus pés começaram a inchar muito. Fui encaminhado ao médico porque poderia ser uma doença renal. No especialista, veio a confirmação: eu tinha o diagnóstico de glomerulonefrit, uma inflamação no rim. No começo, saber da doença foi terrível, ninguém aceita de boa, mas com o passar do tempo a gente acaba se conformando com a situação”, lembrou Marco.

A partir daí ele iniciou o tratamento, sem sessões de hemodiálise nos primeiros anos, eram apenas remédios na esperança de reverter a situação. Mas, aos 20 anos, uma fase mais agressiva do seu comprometimento renal, ele precisou iniciar a diálise quatro vezes na semana, e assim até agora. “Eu esperei por 17 anos. Nesse tempo, fui até fazer exames em São Paulo pra ficar na fila lá, mas não deu certo. Foram anos muito dolorosos, cheios de sofrimento, mas meu dia chegou e hoje estou aqui, super feliz com meu novo rim!”, enfatizou.

No segundo semestre de 2020, já na fila de espera pela Santa Casa de Campo Grande para um rim, Marco* foi contaminado com a COVID-19. E, devido à sua comorbidade de doença crônica, ele acabou tendo sérias complicações com a infecção. Uma grave pneumonia fez com que ele fosse internado por dias, superou as complicações causadas pelo coronavírus e pode terminar o tratamento em casa.

Renascimento

A ligação da médica nefrologista do hospital e responsável pelo paciente, Drª Rafaella Campanholo, fez despertar em Marco* um sentimento que já estava apagado pelo tempo de espera, a “esperança”. “A notícia foi recebida com muito espanto na verdade, depois de 17 anos, nem tinha mais esperança, muito complicado. Mas aí, um dia o telefone toca e, claro, depois do susto foi só alegria e agradecimento à Deus. Tenho uma nova esperança de que agora terei como recuperar parte da minha vida”, comemorou o paciente.

Com o novo renascimento, Marco* não deixa de direcionar os agradecimentos aos responsáveis por este momento tão importante que tem vivido. “Agradeço à equipe completa da Drª Rafaella. Ela, por sua vez, sempre fez acontecer as coisas, sem deixar que as coisas que eu passei influenciassem na minha conquista pelo órgão. Quero também expressar à família doadora meus sentimentos e minha gratidão eterna. Eles estavam num momento mais difícil da vida deles e ainda assim tiveram cabeça pra pensar no próximo. Se essa mensagem chegar até eles, eu quero que saibam que esse rim está com uma pessoa que ama a vida e vai cuidar muito bem dele”, finalizou.

A equipe médica responsável pelo sucesso do transplante foi composta pelos médicos urologistas Dr. Guilherme Salati Stangarlin, Dr. Gustavo Dutra e Dr. Antonio Carlos de Abreu Deotti Filho. Além da médica nefrologista Dra. Rafaella Campanholo Grandinete, também foram importantes no procedimento os médicos anestesistas, enfermeiros, técnicos em enfermagem, instrumentador e demais profissionais do centro cirúrgico da Santa Casa.

Marco*: Nome fictício do paciente transplantado para facilitar a compreensão da história, a real identidade foi preservada pelo fato do mesmo ser custodiado pela justiça.

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