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sexta-feira, 26 de setembro, 2025
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Oito em cada dez inadimplentes já tiveram nome sujo, aponta pesquisa

O Brasil registrou em agosto 71,78 milhões de consumidores com o nome negativado, o que representa 43,13% da população adulta. Desse total, oito em cada dez já haviam figurado em listas de inadimplentes anteriormente, segundo levantamento da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito).

A pesquisa mostra ainda que 62,63% dos inadimplentes não haviam quitado dívidas antigas e voltaram a ter o nome sujo. Em média, consumidores reincidentes levam apenas 2,5 meses para contrair uma nova pendência após a negativação.

Nos 12 meses encerrados em agosto de 2025, o número de devedores reincidentes cresceu 5,18% em relação ao período anterior.

📊 Perfil dos inadimplentes

  • Faixa etária mais afetada: 30 a 39 anos (25,81% do total).
  • Gênero: 53,60% mulheres e 46,40% homens.

💰 Juros altos e impacto econômico

Para o presidente da CNDL, José César da Costa, o cenário de inadimplência reflete tanto dificuldades individuais quanto entraves à economia. “Essa crescente ‘bola de neve’ de dívidas, impulsionada por juros altos e um cenário macroeconômico desfavorável, se torna um ciclo vicioso difícil de ser quebrado”, afirma.

A taxa de juros no Brasil está atualmente em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006.

🔻 Dificuldade para sair da lista de devedores

O Indicador de Recuperação de Crédito de Pessoas Físicas caiu 12,59% em 12 meses até agosto. A maior retração ocorreu entre consumidores que levaram de quatro a cinco anos para quitar dívidas (-21,40%).

Em agosto, a faixa etária de 50 a 64 anos foi a mais representativa entre os que conseguiram regularizar a situação (22,58%). O valor médio pago por consumidor recuperado foi de R$ 2.721,26.

Segundo o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, os dados mostram que a maior parte dos acordos envolve valores baixos, mas ainda assim os juros comprometem a renda e a capacidade de negociação. “Com juros altos, cresce o risco de exclusão financeira, deixando milhões de brasileiros à margem do mercado de crédito”, alerta.

Ele defende que o problema exige ação coordenada entre Estado, mercado e programas de educação financeira.

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