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quarta-feira, 24 de abril, 2024
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Pesquisa demonstra o papel da agricultura irrigada frente às oscilações do clima em MS

Mesmo com intempéries, cultivar obteve mais de 91 sacas por hectare no ensaio implantado em Maracaju pela Fundação MS

Com as expansões de área plantada e a necessidade de mitigar riscos na atividade agrícola, em decorrência das mudanças climáticas, produtores do Mato Grosso do Sul estão investindo no cultivo irrigado da soja. Em relatório publicado no Portal do Associado da Fundação MS, o pesquisador responsável pelo setor de Fitotecnia Soja, André Ricardo Gomes Bezerra, mostra que no experimento implantado em Maracaju, sob sistema de plantio direto e irrigação por pivô central, todas as 24 cultivares avaliadas apresentaram excelente produtividade, com resultados que variaram de 70,1 a 91,7 sacas por hectare (sc ha).

O pesquisador apontou que a semeadura ocorreu em boas condições de umidade, possibilitando bom estabelecimento da cultura, ainda no mês de setembro e dentro da janela adequada, o que possibilita melhor cenário para o plantio do milho e intensificação do sistema de produção.

“Nos próximos anos, continuaremos a avaliar cultivares de soja sob irrigação, considerando regiões de solos argilosos e arenosos. É importante destacar, também, que para implantar o sistema de irrigação, o principal ponto é ter proximidade à fonte e água disponível (outorga) e avaliar o investimento necessário”, explicou Bezerra.

A agricultura irrigada tem à disposição vários modelos a serem implantados. Entretanto, o mais comum utilizado para a cultura da soja é o tipo pivô central, que funciona com aplicação sob pressão acima do solo, por meio de aspersores ou orifícios, na forma de uma chuva artificial.

De acordo com levantamento feito pela Agência Nacional de Águas (ANA) e publicado em 2021, o Centro-Oeste é a região com maior capacidade ativa para implantação do sistema de irrigação nas lavouras. O documento mostra que “o potencial irrigável efetivo é de 13,7 milhões de hectares (Mha) e concentra-se no Centro-Oeste (45%), Sul (31%) e Sudeste (19%). Dentre os estados, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentam maior potencial de incremento das áreas irrigadas. Essas regiões já se destacam pelos fortes crescimentos de área irrigada nos últimos anos, em especial Goiás, Bahia, Mato Grosso e Rio Grande do Sul”.

Em Mato Grosso do Sul, a área de agricultura irrigada está crescendo a cada ano. Segundo o superintendente de Agricultura e Pecuária, da Secretaria de Estado da Produção, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar (Semagro), Rogério Beretta, o estado possui “265 mil hectares de agricultura irrigada, mas teria potencial de atingir até 4 milhões de hectares”. As informações são baseadas no estudo feito pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ-USP), em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA), e foram apresentadas nos dias 14 e 15 de junho de 2022, durante o ‘Encontro de Difusão Tecnológica e Sustentabilidade na Agricultura Irrigada da Região Centro-Oeste’, realizado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

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